O réquiem é uma composição bastante comum na música clássica. Mozart, Verdi, Schumann, Berlioz, Dvorák, Fauré, Bruckner, Liszt, Palestrina, Lassus, Victoria, entre vários outros, compuseram réquiens.
Brahms também compôs o seu, um dos mais profundos e grandiosos entre todos. Poucas obras na história da música aparecem tão impregnadas de espiritualidade, não apenas no que diz respeito ao texto, mas também no que concerne à própria música. Chamou-o de "Réquiem Alemão", porque é cantado em alemão, e não em latim, como são os outros réquiens.
Nessa obra, potentes e terríficas massas corais e orquestrais duelam com celestiais e serenos coros de anjos, enquanto um barítono e uma soprano sublimam-se por momentos ora luminosos, ora pesadamente sombrios. Em um clima que alterna o tormento e a paz, Brahms realiza uma longa e profunda reflexão sobre a morte, em mais de 75 minutos de um dos mais originais réquiens da história da música.
O fato de que o próprio Brahms designasse esta obra-prima como "ein deutsches Requiem", ou mais exatamente, "eine Art deutsches Requiem (um tipo de réquiem alemão)" obedece ao propósito de configurá-la como uma composição de índole exclusivamente musical e, portanto, alheia à celebração litúrgica, apesar de que "Requiem" é, precisamente, a palavra com a qual inicia-se o Introitus da missa aos mortos da Igreja Católica, a qual, no âmbito musical, deu origem a numerosas obras.
Dois foram os acontecimentos que impulsionaram Brahms a compor o seu réquiem: o falecimento, no verão de 1856 de seu amigo Robert Schumann (o qual, paradoxalmente, também havia se proposto a compor uma obra com o mesmo título) e, principalmente, a morte de sua própria mãe em fevereiro do ano de 1865.
Os primeiros compassos da obra foram escritos por Brahms em 1856 e sua conclusão se prolongou, praticamente, até pouco antes de sua estréia, na catedral de Bremen, na Sexta-Feira Santa do ano de 1868. O texto foi escolhido pelo próprio autor a partir das traduções do Antigo e do Novo Testamentos.
Alguns trechos da letra do "Réquiem Alemão":
II – CORO
Porque toda carne é como a erva e toda a glória do homem é como as flores do campo. A erva seca, e a flor cai.
III - BARÍTONO E CORO
Senhor, mostra-me, então, que devo ter um fim, que minha vida tem um objetivo, e que devo cumpri-lo.
VI - BARÍTONO E CORO
Eis, eu vos revelarei um segredo: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; e isto de repente, num piscar de olhos, no momento da última trombeta.
O Requiem em alemão realmente constituiu-se num grande caso a parte, derivando-se daí os maiores diferenciais desse trabalho de Brahms. Como sempre, tem blog está excelente, fungindo à regra geral da mediocridade e brindando a blogosfera com artigos e reflexões de alta qualidade.
ResponderExcluirBah, Alessandro! Muito bom o post, falou muita coisa dos sentimentos que essa obra passa, mesmo sendo ela um poço sem fundo dos mesmos.
ResponderExcluirAbraço!
Meu Amigo (presumo poder chama-lo assim).
ResponderExcluirObrigado por passar pelo Urbi et Orbi. Fico envaidecido por ter sua visita, afinal, sem "rasgação de seda", admiro seus textos, ou seja, sua inteligência.
Eu passei por esta sua postagem sobre Brahms. Como disse lá, Johannes não é meu compositor preferido, mas ele compos obras dignas de serem admiradas. Como o Réquiem Alemão.
Abraços,