27 dezembro 2014

Relâmpaga

já quase nada
nada a ser dito.
a quem?
a homens que se acotovelam
se (r)indo
em seu cagar infinito

deixar uma letra que fique
(não-lida)
para que eu não fique em nada
da história
(mentida)
civilizada

fora isso
todas as minhas tormentas
já estão relâm...
pagas

25 dezembro 2014

e mais ninguém resiste

sendo poeta
trabalho
na desafirmação do trabalho:
crio inutilárias
retrogradarias
impraticidades...

todas essas algumas coisas
que não servem para coisa alguma

o que fariam os homens de bens
com esse uni-versos in versos
de desprodutos?

o problema
é que um poema
é um resto de resistência
e mais ninguém resiste

mas não há outro jeito:
o que importa
é que meu papel
está no papel:
o poema está feito
e existe

23 dezembro 2014

O Saco do Papai Noel e Poema de Natal a um Urutau

Aproveitando o ensejo do clima do Natal, republico dois poemas que escrevi, um em 2013 e outro e 2012, para as festividades natalinas:

O Saco do Papai Noel

P. noel,
lê a minha carta:
maior que a tua barba
bem perfumada
de capital
(de fazer trança)
é a tua farsa
bem estufada
de banquetes
pela tua pança

de bochechas coradas
e gordas
tu só és papai,
P. noel,
a quem deixar
algumas notas
(e outras cotas)
na (pro)fundidade
do teu chapéu

P.noel
o bom velhinho
velhaco:
só ganha presente
quem tiver dedos
(no meio da moeda)
pra te puxar o saco


Poema de Natal a um Urutau

naquela noite
tu serás tu mesmo:
ao que homens se mostram
tu te ocultas
como se não
como se nem fosses

os sábios sopram
que sendo tu
tu nada sabes
pois o que é que leste?
mas tu
tu nem estás
em teu não estar
do que dizem
tu te escondeste

não sendo nada
só o teu Ser é que é:
e teu ser não seria
se te mostrasses em aberto
alardeando sob o sol
o que só vê
teu olho noturnal...
mostrar-se
não é de um urutau

paira de ti
o espectro do que não
um verbo que se fantasma
grito não-dito
e lamento-punhal
no invisível
és toda a dor de uma era
final

quem te vê quando cantas?
o que cantas é um susto
que não nos deixa sinal...
por isso este poema:
também ninguém vê o Natal

21 dezembro 2014

Série: O Fim é Inevitável 2 - Alimentos Transgênicos e Degeneração

Vamos ao 2° capítulo de nossa série. O primeiro pode ser conferido aqui

Em 2005, se não me engano, escrevi e publiquei em alguns veículos literários, por exemplo, no jornal Letras Santiaguenses, um poema que criticava os sequazes dos alimentos transgênicos. Posteriormente, o poema foi reelaborado e republicado em meu blog. Entre outras coisas, o poema dizia: 


aos a favor dos transgênicos:
transbúrricos

Claro que alguns não gostaram e me acusaram de ser contra o "progresso", a "evolução", de ser "retrógrado", enfim, essas coisas que os fanáticos pelo "desenvolvimento" costumam declarar. Na época, os transgênicos eram moda e vistos como a solução para o problema do abastecimento alimentar da humanidade. O tempo está comprovando que o tiro está saindo pela culatra. Não é a toa que diversos países europeus estão destruindo e proibindo as lavouras transgênicas em seus territórios e expulsando multinacionais do setor como a Monsanto.

Quanto à transgenia de alimentos, de seres vivos de uma maneira geral, não tenho dúvidas de que não é evolução, é involução, é degeneração. Uma degeneração alimentar. E não só por uma questão econômica, visto que muitos estudos apontam que lavouras transgênicas de milho e soja, por exemplo, não só não dão o lucro esperado, como muitas vezes são menos produtivas que o cultivo dos alimentos convencionais. Os danos ambientais, à biodiversidade, o aumento de determinados tipos de agrotóxicos, e, finalmente, os distúrbios nos organismos de seres vivos, todos esses fatos vem sendo estudados e, aos poucos, comprovados pela ciência. 

O homem, em seu afã de controlar as forças naturais, mexe com questões que na verdade não entende em sua essência, que no fundo não pode controlar, porque trata a vida de maneira equívoca, como se não passasse  de uma amontoado de matéria que torce e distorce conforme seu bel prazer. O resultado final será pago pela própria humanidade. A conta, um dia, é cobrada.


Nesse contexto, reproduzo trechos da entrevista concedida por Antônio Inácio Andrioli*, pesquisador brasileiro e estudioso sobre a questão da transgenia de alimentos. A entrevista pode ser conferida na íntegra aqui.


"Além dos malefícios para a agricultura, produtos geneticamente modificados podem estar relacionados a uma série de epidemias que crescem na sociedade contemporânea, como o câncer e alergias alimentares. As plantas produzidas através da transgenia, explica o pesquisador, são imunodeficientes, ou seja, piores que as desenvolvidas através do melhoramento genético tradicional. “Recentes pesquisas realizadas na Europa demostram que animais consumidores de produtos imunodeficientes também passaram a apresentar imunodeficiência, e, consequentemente, foram mais atacados por doenças”, alerta.


“Deveríamos fazer a seguinte análise com relação aos impactos que isso gera no ser humano: Essas plantas às quais me refiro contêm dentro de suas célula – como no caso do milho transgênico – uma toxina sendo produzida por um bacilo (Bacillus thuringiensis). Como já sabemos que o contato de animais com o referido bacilo têm causado alterações no sistema imunológico e reprodutivo, há uma grande probabilidade de estarem aumentando as doenças no mundo, o que parece ser uma das estratégias da indústria farmacêutica”.


No caso das plantas resistentes a herbicidas, o agravante são os resíduos de glifosato verificados nos alimentos, pois esses cultivos, como a soja transgênica, permitem a aplicação de glifosato sobre a planta. Segundo o pesquisador, “mesmo se utilizássemos uma fórmula de glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup, teríamos uma alteração celular dos animais e seres humanos, conforme revela recente estudo realizado na França”. Andrioli também aponta para um segundo problema: uma alteração no DNA (ácido desoxirribonucleico), onde se encontram as características hereditárias de um ser vivo. “O DNA está sendo afetado em função do uso do glifosato que passa através dos alimentos em forma de resíduos.”


Depois de retornar do curso de pós-doutorado, na Áustria, o pesquisador está impressionado com o anonimato brasileiro em relação aos transgênicos, com a desinformação da população brasileira e a falta de interesse nesse debate. “Essa é uma discussão que interessa a todos, porque não tem ninguém que não coma. Portanto, todos estão sendo afetados pelo cultivo de transgênicos.” O pesquisador alertou para o boicote de informações e denuncia que pesquisadores são perseguidos por colocar seus estudos à disposição do público.
"Já sabemos que o milho modificado vai produzir menos que o convencional e sua produção vai custar mais caro. Então, não poderia ter um interesse do agricultor em cultivar uma planta que não lhe oferece vantagens. Mas, novamente, existe uma promessa de que essa planta seja resistente a um determinado inseto, e isso realmente só será possível se esse inseto se tornar, de fato, uma praga. É claro que em muitos países esse inseto já é considerado praga, mas temos de nos perguntar também: por que ele se tornou uma praga? Se com o uso desse tipo milho vamos aumentar a incidência de pragas e o número de doenças – porque essa planta é imunodeficiente –, então, a longo prazo, isso será uma catástrofe para o agricultor."

"Mas, infelizmente, há uma ideologia muito grande por trás desse debate: a ideologia da técnica. A técnica sempre carrega consigo uma ideologia, ou seja, os interesses pelos quais uma técnica foi produzida. Esses interesses não são os mesmos dos agricultores; pelo contrário, as empresas esperam que, através dos problemas técnicos que esses produtos geram na agricultura, se possa aumentar o consumo de produtos que essas indústrias fornecem, o que logicamente significa um aumento no custo de produção dos agricultores."

Alimentos transgênicos e câncer:

"Sabemos que há uma modificação celular se utilizarmos o glifosato na alimentação; se utilizássemos uma fórmula de glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup (3), teríamos uma alteração celular. Essa alteração celular é um problema, porque as células estão crescendo desordenadamente. Isso poderia confimar nossa suspeita de causarem câncer. Um segundo elemento importante é que hoje estamos vendo que há uma alteração inclusive do ácido desoxirribonucléico, responsável pelas características hereditárias. Ele está sendo afetado em função do uso do glifosato que passa através dos alimentos em forma de resíduos. 

O bacillus thuringiensis pode provocar imunodeficiência. A bactéria produz uma toxina que forma cristais no intestino. Nos intestinos de insetos, após a ingestão desse milho, é constatada uma desregulação intestinal, com consequencias letais. Precisamos refletir sobre isso, porque o intestino é responsável pelo controle daquilo que precisa sair e daquilo que fica no organismo. Se desregularmos isso, passamos a produzir substâncias nocivas ou passamos a acumulá-las no organismo. 

Há inúmeros outros estudos preliminares que estão sendo divulgados pelo mundo e apontam para o aumento das alergias, porque estamos, de fato, com um elemento novo sendo introduzido dentro de uma planta, sem que as pessoas saibam ou sem que elas tenham consciência de que estão consumindo um alimento novo, para o qual o organismo não está preparado. Assim como a planta não está preparada para receber determinados gens estranhos a ela – porque essa é a característica da transgenia, cruzando espécies vivas que na natureza não se cruzam –, é claro que esses organismos terão uma reação, ou seja, irão produzir também reações que não conhecemos. Eu posso ter uma alergia a uma determinada planta e, quando os seus gens são inseridos dentro de outra, aumenta-se a probabilidade de pessoas alérgicas."

* Antônio Inácio Andrioli é graduado em Filosofia, pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijui), mestre em Educação nas Ciências, pela mesma universidade, doutor em Ciências Econômicas Sociais, pela Universität Osnabrück, Alemanha, e pós-doutor, pelo Instituto de Sociologia da Universidade Johannes-Kepler de Linz, Áustria. Atualmente, é professor do mestrado em Educação nas Ciências, na Unijuí e docente do Instituto de Sociologia da Universidade Johannes Kepler de Linz. Ele é autor de Transgênicos: as sementes do mal (São Paulo: Editora Expressão Popular, 2006). Acompanhe mais informações no site do pesquisador www.andrioli.com.br

19 dezembro 2014

da Tua Escolha

tu podes dar à ave
um ave!
ou um bah!
ver no ser
o Absoluto todo
ou absolutamente nada:

há na moeda
uma coroa
e uma cara
e há a escolha
se escreverás
de um lado
ou de outro
da folha

só não podes julgar
que
escolhido um lado
o outro deixa
de ter estado

17 dezembro 2014

Não-Conformismo

não me conformo com conformidades:
ser conforme é ser conforme com algo
que vai conforme com alguém...

(quem é esse alguém que não sou eu?)

de forma
que ir conforme
é ser-se com a fôrma de outro
de um alguém que ditou sua forma
como a conformidade
a ser conformada

enfim
o conformismo
acaba por com formar todos
como se fossem conformesmos

15 dezembro 2014

Provérbios do Inferno


O poeta inglês William Blake é um daqueles gênios enigmáticos que conforme passa o tempo sua palavra não perde a validade, pelo contrário, parece que se torna mais viva. Iniciador do Romantismo, juntamente com o alemão Goethe, foi um arauto da Liberdade e da energia anímica. Assim como outros grandes poetas, foi também um profeta, antevendo o Inconsciente Coletivo, adiantando-se ao pensamento e à expressão humanas dos séculos seguintes. Blake foi um perscrutador do Desconhecido. Para fora e para dentro do homem.

Em sua misteriosa obra O Matrimônio do Céu e do Inferno, o poeta, que também foi um pintor altamente expressivo, deixou-nos algo como axiomas na forma de poesia em prosa, os quais ele intitulou como Provérbios do Inferno. Selecionei alguns. O que haveria de "infernal" nos provérbios de Blake? Bem, isso vai da interpretação de cada leitor, e claro, seria melhor compreendido através da leitura da obra na íntegra.


O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria.

Um tolo não vê a mesma árvore que um sábio vê.

Pássaro algum voa alto demais se o faz com as próprias asas.

A fúria do leão é a sabedoria de Deus.

A nudez da mulher é a obra de Deus.

O rugir dos leões, o uivar dos lobos, o estrondo do mar tempestuoso, e o gládio destruidor são porções de eternidade grandes demais para o olhar humano.

A cisterna contém: a fonte transborda.

Um pensamento enche a imensidade.

Fala sempre o que pensas e os vis te evitarão.

As prisões são erguidas com as pedras da Lei e os Bordéis com os tijolos da Religião.

Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos da instrução.

Espera veneno das águas paradas.

Só se sabe o que é bastante depois de se saber o que é demais.

A macieira nunca pergunta à faia como crescer, nem o leão ao cavalo como abater sua presa.

Quando vês uma Águia, vês uma porção do Gênio. Ergue tua cabeça!

As preces não aram! Os louvores não colhem.

O Progresso constrói estradas retas, mas as estradas tortuosas sem Progresso são os caminhos do Gênio.

Antes matar um infante no berço do que acalentar desejos reprimidos.

13 dezembro 2014

Dia de Ira

Dies irae, dies illa
solvet saeclum in favilla…


I
carta enviada ao destino
sem selo
viva vivida de humano
sem sê-lo

II
algo lago de raio e fogo
se gatilha no olho
relâmpago do tigre

III
homem com sede de fome
que há muito
perdeu sua sede
e seu nome

IV
algo sangue no oculto do sol
se vermelha entre buracos de estrelas
como aves de outros planetas

V
corvoos por todos os réquiens
carvões por todos os prados
cor vãs por todos os pratos
rãs-águas por todos os restos...

se réquiam os destinos
por cartas
marcadas
com o número 626
de Mozart

11 dezembro 2014

Governo Sartori: retrocessos na Cultura, no Meio-Ambiente e no combate à violência contra a Mulher

Parece que depois da campanha, o Sartorão perdeu um pouco da simpatia... Ou é só impressão minha?

Os trechos em destaque, retiro de matéria publicada no portal Sul 21, escrita por José Antônio Silva, jornalista e escritor. O que mais me choca é o querido Sartori querer unir a SEMA, Secretaria do Meio-Ambiente, à do Desenvolvimento. Ou seja, certamente, o meio-ambiente ficará submisso ao "desenvolvimento". Bom, aí qualquer pessoa com um mínimo de inteligência e de sensibilidade já sabe o que vai acontecer. Quanto à supressão da Secretaria da Cultura, nenhuma novidade. Percebe-se que o futuro governador não tem muita mesmo.
O texto pode ser lido na íntegra aqui.

Dentro da linha do estado mínimo (tremam setores mais frágeis da sociedade), José Ivo Sartori anunciou alguns dos cortes que pretende fazer na estrutura da máquina pública. Entre os ameaçados, nenhuma surpresa maior: o Meio Ambiente, a Cultura, a Secretaria de Políticas para as Mulheres… (a Secretaria de Desenvolvimento Rural, dos pequenos agricultores, só está sendo salva por pressão do PSB, aliado do governador eleito). "

Por isso, só o fato do próximo governador – segundo entrevista à Zero Hora – ter pensando em incorporar a SEMA à Secretaria de Desenvolvimento já mostra que, para a nova administração estadual, temas como poluição, desmatamento, estiagem, aquecimento global, etc., não passam de bobagens que apenas atravancam o “pogreço”

E tem mais: Sartorão da massa pretende/pretenderia juntar a pasta de Cultura com Turismo e Esportes. Ou seja, “cultura” – com todo o seu cabedal simbólico, seus grandes artistas, suas marcas, sua história – perde o prestígio no velho novo governo escolhido pelos gaúchos, e fica sem valorização e o protagonismo que merece. E descem ralo abaixo os grandes investimentos no setor feito pelo governo Tarso, as centenas de novas bibliotecas, os pontos de cultura, o pólo de cinema, a sala sinfônica da Ospa, etc."

Deixar um órgão como a SPM,Secretaria de Políticas para as Mulheres, que conceitua e organiza as lutas pela igualdade das mulheres – do enfrentamento à violência doméstica, da Patrulha Maria da Penha e da Rede Lilás, aos programas de qualificação da mão de obra feminina, entre outras iniciativas – “junto ao Gabinete da Primeira Dama” é um retrocesso social e político brutal.


Para finalizar, um poeminha de Augusto dos Anjos para o nosso simpático Sartori:

"Rasga essa máscara ótima de seda 
E atira-a à arca ancestral dos palimpsestos... 
É noite, e, à noite, a escândalos e incestos 
É natural que o instinto humano aceda!"

10 dezembro 2014

Série: O Fim é Inevitável 1 - Massacre de Elefantes está fora do controle

Deveria ter iniciado essa série há muito tempo, desde 2006, quando estreei o blog. Imaginem em que capítulo estaria agora?!! Bem, antes tarde do que nunca. Ainda há, acho, tempo. "O Fim é Inevitável". E é. Não quer dizer que não possa haver um recomeço. 

A verdade é, e digam o que quiserem, que o mundo, ou a civilização humana, para continuar existindo muito mais tempo, terá que se reformular. Como? Para mim, da maneira mais radical. Com a aniquilação da maior parte da humanidade. E agora? Agora dirão que sou louco, desumano, nazista, enfim, essas coisas. Louco, talvez, desumano e nazista, não. Seria  desumano se afirmasse que algumas pessoas devem decidir quem vai morrer e quem não vai. Quem é melhor que outros para definir? Alguns estão certos que são. Inclusive há muitos por aí pregando, direta ou indiretamente, o extermínio de determinados "tipos de gente". Aqueles que "não prestam" Talvez, os que pregam tal ideia sejam os que mereçam ser exterminados.

Não é nada disso o que quero dizer. É bem mais simples. Ou não. Não é a humanidade, caduca, cega e inconsciente, que vai determinar quem morre. É o planeta. As forças da natureza, o equilíbrio a que sempre tende as leis naturais e cósmicas. Ou morre parte da humanidade ou morre todo o planeta. E ele não vai permitir que um ser vivo ao qual ele dá vida e sustenta seja o seu carrasco.

De modo que o Fim é inevitável. O blog pretende, com este série, apresentar fatos e questões que compravam que o ser humano está levando o planeta a tomar uma atitude radical. Aliás, ele já iniciou com sua atitude. Muitos fatos já publiquei no blog sem apresentá-los como uma série. Mas a partir de hoje será assim. Advirto que a série será trágica e dolorosa.


A matéria abaixo retiro do Correio Braziliense. Clique aqui.


"O massacre de elefantes na África e o comércio de marfim na China estão fora de controle e podem levar à extinção dos animais que vivem em liberdade no período de uma geração, advertiram nesta terça-feira defensores do meio ambiente.

Quantidades de marfim cada vez maiores são vendidas em um número crescente de lojas de luxo na China, denunciaram em um relatório conjunto as associações Save The Elephants e The Aspinall Foundation, ressaltando que mais de 100.000 elefantes do continente africano foram sacrificados entre 2010 e 2012.

A explosão da demanda de marfim na China - onde o preço varejista das presas dos elefantes triplicou em quatro anos, desde 2010 - desencadeou uma expansão do comércio de marfim contrabandeado que provocou o massacre dos elefantes da África", explicaram estas organizações no relatório, publicado nesta terça-feira em Nairóbi.

A caça de elefantes, assim como a dos rinocerontes, aumentou consideravelmente nos últimos anos na África, alimentada pela forte demanda de marfim e de chifres na Ásia, onde são buscados por seu aspecto decorativo ou por suas supostas virtudes medicinais, alcançando preços astronômicos que atraem grupos criminosos internacionais e grupos armados.

Os pesquisadores das duas organizações não governamentais visitaram dezenas de lojas e fábricas na China, o principal centro de transformação de marfim.

Segundo este documento, o número de lojas de marfim registradas passou de 31 em 2014 a 145 no ano passado, enquanto o número de fábricas de transformação do marfim passou de nove a 37 no mesmo período. A venda ilegal de marfim em lojas sem licença progrediu ao mesmo ritmo."

Em breve, o capítulo 2.




08 dezembro 2014

Após Schubert

essa estrela que eu olho
não é ela que está lá
pois uma outra há que vá
que me olha no que eu olho
mas essa estrela que é
que deseja o que eu vejo
nunca é no meu desejo

essa noite que eu vi
nunca foi a que estava
mas se vai com outra asa
longe do que pedi
alma do que não foi
e outra noite me envia
som-voo do que morria

este sonho que eu tenho
não é sonho que pode
fiz-me por outro acorde
nada em que me sustenho
erro do meu não ser
noite do que vou tê-la
nem sonho e nem estrela

06 dezembro 2014

Humanidade... Vai Dormir*

humanidade...
vai dormir

continuar acordada?
chegaste ao fim do teu dia
e viste:
não deu em nada

caminhar ainda?
para onde?
para quê?
exausta, caminhas em círculos
e tuas estradas
voltam ao mesmo lugar
para qual progresso avançar?

se não encontraste
sentido na vida
talvez encontres no sono
sonha teus sonhos
fecha os olhares:
por outros mundos
planetas estrelas
sente outros ares...

nada melhor
que um dia após o outro:
acabou o teu tempo
já passou a tua hora
o que te resta?
uma nova aurora...

não, não sou pessimista
só estou cansado:
sinto sono
quando vejo imbecis a sorrir...

humanidade
faz como eu:
vai dormir.


*Poema reelaborado e republicado
(Na imagem, detalhe de "O Julgamento Final", de Hieronymus Bosch.)

04 dezembro 2014

Quem acredita, acredita no quê?

as pessoas não acreditam
no que creem como certo
acreditam no que precisam
acreditar:
se é certo ou não
não há real interessamento

acreditam no prolongamento
do que são
ou do que julgam como sendo:
acreditar é tentar ser
sendo-se ou não

tanto é
que se pode acreditar
em coisa qualquer
no que se quiser:
em paradoxos e contraditórios
em mudanças e inconstâncias
e tudo é válido
e tudo pode
desde o fanático científico
até o enfático por bodes

de modo que acreditar
não é saber ou achar que se sabe:
é a necessidade de ser alguém
antes que seu ser ou esse alguém
acabe

02 dezembro 2014

Só a Bala

há momentos
(que nem tampouco
são poucos)
em que não entendo
qual a real
esperança
que traz toda gente
e a faz
morrer em frente

desde os que louvam a vida
negando a sua existência
até os que dizem
de sua existência
negando o como vivê-la
e que veem diferenças
entre um ser
e uma estrela

há um momento
no qual
o real
(que se vive
sem em realidade
se sabê-lo)
é tão somente
um não adianta
diante
de tanta...
anta

nem importa
o que se busca
se sonha se traga
o que se faz se fala

há momentos
que com toda gente
só a bala