no que foi que evoluímos?
no que foi que melhoramos?
quando foi que aprendemos a amar?
a sentir a dor do outro?
da outra pessoa, do outro animal, do outro ser vivo?
me digam, eu quero saber: onde está a evolução?
o que foi que fizemos de melhor?
que grandeza foi que demonstramos?
qual grande sentimento? qual grande ideal?
quando foi que olhamos nos olhos da outra pessoa
e compreendemos sua alma?
no que melhoramos a não ser no disfarce?
em fingir que não somos maus?
sempre foi tudo só aparência.
não mudamos nada em nosso interior.
e nosso Ser sempre estava lá
e nós nunca o ouvimos.
30 junho 2020
27 junho 2020
Despedida de Minha Mãe
Minha amada mãe, Maria de Lourdes, partiu dia 25/11, à tarde, após lutar com coragem por vários anos contra um câncer de mama, que acabou atingindo outros órgãos. A despedida dela, no mesmo dia pela manhã, foi uma das coisas mais belas que já vivenciei. Ela estava a grande mulher que sempre foi: firme, confiante, amorosa, sem desesperos, sem abatimentos, transmitindo luz, esperança e amor. E em paz, numa paz profunda, que só as pessoas que cumpriram sua missão na vida têm na hora da passagem. E ela cumpriu, com tudo e com todos, com sua força, com seu grande coração, com sua imensa alma. Minha mãe, tens a minha gratidão e o meu amor eternos.
24 junho 2020
#humanidade
cansado desta humanidade.
de gente correndo bistonta pelas ruas
moscas tontas robóticas nas calçadas
dentro das casas fora das casas
nem faz diferença não muda nada
que nem sabem por que vêm e vão
cheias de metas atoladas nas merdas
plenas de merdas disfarçadas de metas
vidas vazadas vazias furadas
gente que se acha e não vale o que caga
filhos da puta dando tiros em animais inocentes
homens de bem que só se importam em ter mais bens
cansado desta humanidade.
humanidade de sonhos mortos
de amores mortos de futuros mortos
que mata águas mata terras mata ares
que mata bichos mata almas mata árvores
mata esperanças mata luzes mata olhares
que mata matas mata artes
até te matares
cansado desta humanidade.
quando te fores, civilização,
irás tarde.
de gente correndo bistonta pelas ruas
moscas tontas robóticas nas calçadas
dentro das casas fora das casas
nem faz diferença não muda nada
que nem sabem por que vêm e vão
cheias de metas atoladas nas merdas
plenas de merdas disfarçadas de metas
vidas vazadas vazias furadas
gente que se acha e não vale o que caga
filhos da puta dando tiros em animais inocentes
homens de bem que só se importam em ter mais bens
cansado desta humanidade.
humanidade de sonhos mortos
de amores mortos de futuros mortos
que mata águas mata terras mata ares
que mata bichos mata almas mata árvores
mata esperanças mata luzes mata olhares
que mata matas mata artes
até te matares
cansado desta humanidade.
quando te fores, civilização,
irás tarde.
22 junho 2020
Poema Antigo
o alto perigo em não ter meta
(o autoperigo em ser poeta)
quem dera fosse só perigo
sobre o rio da navalha
(quem dera fosse um sol comigo)
só consegui me ser maldito
fazer destino virar hino
e onde não me esperam
é que (a)fundei esperanças
(já morri por entre tranças)
e assassinei-me sem um tiro
não sou nem o que imagino
nem me vivo o que me sinto
nos confins do que se fode
na busca do que finda
me larguei por sobre um piso
(e compreendi que se não pode)
mas me ergui com um respiro
me cansei pela não-estrada
que dizer não vale um som
e ouvi que a vida é um suspiro
e o que se busca é só uma piada
e ao fim nem mesmo um não
de gratidão.
(o autoperigo em ser poeta)
quem dera fosse só perigo
sobre o rio da navalha
(quem dera fosse um sol comigo)
só consegui me ser maldito
fazer destino virar hino
e onde não me esperam
é que (a)fundei esperanças
(já morri por entre tranças)
e assassinei-me sem um tiro
não sou nem o que imagino
nem me vivo o que me sinto
nos confins do que se fode
na busca do que finda
me larguei por sobre um piso
(e compreendi que se não pode)
mas me ergui com um respiro
me cansei pela não-estrada
que dizer não vale um som
e ouvi que a vida é um suspiro
e o que se busca é só uma piada
e ao fim nem mesmo um não
de gratidão.
18 junho 2020
Vocês acreditam? Eu não.
I - as pessoas acreditam
porque não olham pra frente
II - as pessoas caem
porque não olham pra baixo
III - as pessoas morrem
porque não olham pra dentro
porque não olham pra frente
II - as pessoas caem
porque não olham pra baixo
III - as pessoas morrem
porque não olham pra dentro
15 junho 2020
Ao Fim da Rosa
rosa que álcool pelo meu sangue
quem foi que sangrou-te à tormenta?
quem foi que matou-te em meu peito
rosa que paira pelo meu grave?
quem foi que falou-te de amor-te
daquilo que voa e sempre te parte
que alguém arrancou-te da noite
rosa que doente pelo meu sempre?
quem te avassala pelas espadas
e bate o martelo em tua cabeça
e derrama teu lago no som do meu rastro
rosa que morre pela minha veia?
em que lama deixaram teu passo
rosa que afoga em tudo que chove
no medo que corta e que te consomes
rosa que vai-te em tudo que passa?
quem comeu tuas pétalas no almoço?
rosa que afunda em tudo que é podre
rosa que finda em todo meu nada
rosa esmagada.
quem foi que sangrou-te à tormenta?
quem foi que matou-te em meu peito
rosa que paira pelo meu grave?
quem foi que falou-te de amor-te
daquilo que voa e sempre te parte
que alguém arrancou-te da noite
rosa que doente pelo meu sempre?
quem te avassala pelas espadas
e bate o martelo em tua cabeça
e derrama teu lago no som do meu rastro
rosa que morre pela minha veia?
em que lama deixaram teu passo
rosa que afoga em tudo que chove
no medo que corta e que te consomes
rosa que vai-te em tudo que passa?
quem comeu tuas pétalas no almoço?
rosa que afunda em tudo que é podre
rosa que finda em todo meu nada
rosa esmagada.
11 junho 2020
Da Indiferença
I - Indiferença de verdade
não é vazio.
não é não-sentir.
é saber quando for sentimento
ou o sustento de um olhar frio
II - a suprema indiferença
é a sensibilização
de saber que não há nada no homem
e no seu desejo.
e é a intuição impassível
de não ver esperança
naquilo que vejo
III - ser indiferente
é permanecer
a que seja o Ser
não é vazio.
não é não-sentir.
é saber quando for sentimento
ou o sustento de um olhar frio
II - a suprema indiferença
é a sensibilização
de saber que não há nada no homem
e no seu desejo.
e é a intuição impassível
de não ver esperança
naquilo que vejo
III - ser indiferente
é permanecer
a que seja o Ser
07 junho 2020
Ao Após
lembrança que sinto quando me esqueço
que sangue de mim lembrar-te me faz?
que alma me alonga ao instante fugaz
que ânsia que traga meu não ao avesso
seja comigo ao altar do teu preço
morte-destino que segue-me atrás
silêncio que os gritos quebra do mas
sonata que mata ao som do que esqueço
ah se eu corresse em teu rio sempre em chama
íris que fosse no som desta voz
soro sanguíneo que se ergue da lama
verso de nunca que se alta no após
ah se teu quem fosse aquilo que chama:
deixa esquecer-me e lembrar-te entre nós
03 junho 2020
O Horror ( ou o Óbvio) no Brasil
O horror habita o interior do ser humano, o que é óbvio.
Também é óbvio que esse horror está sempre acontecendo e/ou se expressando de alguma forma.
Outra obviedade é que esse horror também se expressa politicamente, que é uma das formas do horror tentar convencer os demais de que não é horror.
Geralmente, a expressão política do horror se chama EXTREMA DIREITA.
E a extrema direita é óbvia: ignorante, egoísta, desumana, perversa, autoritária, fanática, racista, imbecilizada, militarista, mentirosa, destrutiva.
Então, tudo o que acontece, hoje, no Brasil, havia sido previsto e alardeado desde antes das eleições. Era tudo óbvio.