em Ti
tudo é alto e fundo
tudo é Céu e tudo é Abismo
vôo de anjo em asa de corvo
e tanto é fundo e tanto é alto
que é sempre oculto
o teu Oculto
de onde foi que arrancaste
a força dos teus escuros
a vida dos teus fantasmas
as garras das tuas visões
as febres da tua loucura
as luzes do teu grotesco
as sombras do teu sublime
os dantes dos teus infernos
as deusas das tuas alturas
os sonhos dos teus horrores?
pois tudo isso Tu arrancaste
dos Olhos dos teus Amores...
28 julho 2008
10 julho 2008
Tarja Livros
Meu livro Contos do Crepúsculo e do Absurdo está sendo comercializado pela Tarja Livros. A seguir, o link referente ao mesmo: http://www.tarjalivros.com.br/detalheprod.asp?produto=24
Produzir Cada Vez Mais
Às vezes penso em certas bobagens, coisas realmente sem a mínima utilidade e que com toda certeza ninguém mais pensa, afinal, eu sou muito desocupado, e as outras pessoas devem trabalhar para ajudar a humanidade a produzir cada vez mais. E eu penso exatamente nisto: a humanidade deve produzir cada vez mais... Tais coisas me impressionam, eu sou muito impressionável, e devo ter uma mentalidade vergonhosamente atrasada, pois não consigo entender a profundidade dos objetivos humanos.
Por um lado, todos os países, todas as indústrias, todas as empresas, enfim, todos! desejam e buscam produzir cada vez mais; por outro lado, todos afirmam que o planeta está se esgotando e que deve ser preservado a qualquer custo, que não se deve mais desmatar florestas ou poluir os ambientes... Ou muito me engano, o que é bem provável, ou encontra-se nesses fatos uma escancarada contradição: produzir mais e mais e ao mesmo tempo preservar o planeta...
Todos os dias, acompanho pela mídia: “setor automobilístico comemora recorde na produção”; “safra brasileira é a maior da história”; “cresce demanda por combustíveis”; “ONU preocupada com a escassez de alimentos, deve-se plantar mais”... E por aí vai, é tudo e todos aumentando a produção! Busca-se mais petróleo, planta-se mais cana-de-açúcar, precisa-se de mais matéria-prima para as fábricas, de mais água para as lavouras, para as cidades, para as indústrias, de mais ouro, de mais ferro, de mais urânio, de mais papel, de mais madeira, de mais energia... E a população sempre aumentando, e precisando de mais terras, de mais áreas urbanas, de mais prédios, de mais casas, e áreas urbanas é sinônimo de poluição e degradação ambiental, e assim caminha a humanidade... E para cada criança que nasce precisa-se de mais alimentos, e então de mais lavouras, e mais terras, e mais águas. E com mais lavouras são menos florestas, e rios mais secos, e solo mais estéril e contaminado, e eu, enlouquecendo em meio a tantos absurdos, fico me perguntando atônito: onde vamos parar?
De onde vamos tirar tantas matérias-primas para dar o suporte necessário a tanto crescimento, a tanto “evolução”, a tanto “progresso”? Até onde alcança minha inteligência limitada, penso que todos os recursos naturais são retirados de nosso planeta, e nosso planeta não é infinito. E quando os recursos naturais acabarem, o que faremos? Vamos sobreviver em uma terra absolutamente devastada e vazia de tudo? Ou vamos ir para a Lua, ou para Marte? Por favor, sábios de nossa civilização, respondam-me, que eu sou muito ignorante.
A palavra “Progresso” parece sagrada para os homens, é o deus dos últimos séculos. Usando uma expressão de meus avós, “Deus o livre” falar mal do Progresso! É uma blasfêmia imperdoável. Tem-se que progredir, não importa a que custo, ou melhor, importa sim. Se o custo é alto e o lucro baixo... nesse caso o Progresso não vale a pena. Não importa nem mesmo o tipo de Progresso, ou quem sai ganhando com isso, ou até mesmo se o Progresso é verdadeiramente um progresso. O que importa é que a humanidade deve crescer, expandir-se, alastrar-se ao limite máximo possível, ou até não-possível, que a ciência deve criar mais e mais tecnologias para resolver os sérios problemas dos homens. Exemplo de um sério problema: enviar a minha imagem pelo celular para a pessoa com quem estou falando. Isso é um gravíssimo problema que a ciência deve dedicar-se ao extremo para solucionar. Inclusive, já solucionou!
Definitivamente, eu sou alguém de raciocínio muito lento. Ainda não entendi que existe o desenvolvimento sustentado, que é aquele desenvolvimento em que, por exemplo, o agricultor destrói toda a mata e deixa uma ridícula faixinha de árvores na beira dos rios. Ali, certamente, dá para viver toda a abundante fauna de qualquer região, e, por mais que chova, nunca o rio irá assorear. Ou então, desenvolvimento sustentado é quando uma fábrica polui toda uma região e depois doa 0,01% de seus lucros para ajudar a preservar a Mata Atlântica. Consciência ecológica!
Eu sou um retrógrado. Não quero que a humanidade se desenvolva. Pra que mais cidades, mais carros, mais fábricas, mais pessoas? Eu quero que se desenvolva o ser humano, aquilo que está dentro dele. Mas isso deve ser uma bobagem, afinal, ninguém dá bola! Melhorar a alma, seja ela o que for, mortal ou imortal, divina ou não-divina, não é Progresso. Progresso é encher os bolsos. Há outro objetivo em produzir-se cada vez mais?
Por um lado, todos os países, todas as indústrias, todas as empresas, enfim, todos! desejam e buscam produzir cada vez mais; por outro lado, todos afirmam que o planeta está se esgotando e que deve ser preservado a qualquer custo, que não se deve mais desmatar florestas ou poluir os ambientes... Ou muito me engano, o que é bem provável, ou encontra-se nesses fatos uma escancarada contradição: produzir mais e mais e ao mesmo tempo preservar o planeta...
Todos os dias, acompanho pela mídia: “setor automobilístico comemora recorde na produção”; “safra brasileira é a maior da história”; “cresce demanda por combustíveis”; “ONU preocupada com a escassez de alimentos, deve-se plantar mais”... E por aí vai, é tudo e todos aumentando a produção! Busca-se mais petróleo, planta-se mais cana-de-açúcar, precisa-se de mais matéria-prima para as fábricas, de mais água para as lavouras, para as cidades, para as indústrias, de mais ouro, de mais ferro, de mais urânio, de mais papel, de mais madeira, de mais energia... E a população sempre aumentando, e precisando de mais terras, de mais áreas urbanas, de mais prédios, de mais casas, e áreas urbanas é sinônimo de poluição e degradação ambiental, e assim caminha a humanidade... E para cada criança que nasce precisa-se de mais alimentos, e então de mais lavouras, e mais terras, e mais águas. E com mais lavouras são menos florestas, e rios mais secos, e solo mais estéril e contaminado, e eu, enlouquecendo em meio a tantos absurdos, fico me perguntando atônito: onde vamos parar?
De onde vamos tirar tantas matérias-primas para dar o suporte necessário a tanto crescimento, a tanto “evolução”, a tanto “progresso”? Até onde alcança minha inteligência limitada, penso que todos os recursos naturais são retirados de nosso planeta, e nosso planeta não é infinito. E quando os recursos naturais acabarem, o que faremos? Vamos sobreviver em uma terra absolutamente devastada e vazia de tudo? Ou vamos ir para a Lua, ou para Marte? Por favor, sábios de nossa civilização, respondam-me, que eu sou muito ignorante.
A palavra “Progresso” parece sagrada para os homens, é o deus dos últimos séculos. Usando uma expressão de meus avós, “Deus o livre” falar mal do Progresso! É uma blasfêmia imperdoável. Tem-se que progredir, não importa a que custo, ou melhor, importa sim. Se o custo é alto e o lucro baixo... nesse caso o Progresso não vale a pena. Não importa nem mesmo o tipo de Progresso, ou quem sai ganhando com isso, ou até mesmo se o Progresso é verdadeiramente um progresso. O que importa é que a humanidade deve crescer, expandir-se, alastrar-se ao limite máximo possível, ou até não-possível, que a ciência deve criar mais e mais tecnologias para resolver os sérios problemas dos homens. Exemplo de um sério problema: enviar a minha imagem pelo celular para a pessoa com quem estou falando. Isso é um gravíssimo problema que a ciência deve dedicar-se ao extremo para solucionar. Inclusive, já solucionou!
Definitivamente, eu sou alguém de raciocínio muito lento. Ainda não entendi que existe o desenvolvimento sustentado, que é aquele desenvolvimento em que, por exemplo, o agricultor destrói toda a mata e deixa uma ridícula faixinha de árvores na beira dos rios. Ali, certamente, dá para viver toda a abundante fauna de qualquer região, e, por mais que chova, nunca o rio irá assorear. Ou então, desenvolvimento sustentado é quando uma fábrica polui toda uma região e depois doa 0,01% de seus lucros para ajudar a preservar a Mata Atlântica. Consciência ecológica!
Eu sou um retrógrado. Não quero que a humanidade se desenvolva. Pra que mais cidades, mais carros, mais fábricas, mais pessoas? Eu quero que se desenvolva o ser humano, aquilo que está dentro dele. Mas isso deve ser uma bobagem, afinal, ninguém dá bola! Melhorar a alma, seja ela o que for, mortal ou imortal, divina ou não-divina, não é Progresso. Progresso é encher os bolsos. Há outro objetivo em produzir-se cada vez mais?