25 dezembro 2006

Tristeza... Spleen... Deprê...

eu sonhando com febre – no Término!
no sem fim e no Fim – Crepúsculo!
perambulo diante – Romântico!
da tua alta janela – a Última!
som de flores e almas – Saudade!
no meu Apocalipse – Ocaso!
noite de aves e velas – Tragédia!
que teus olhos me olham – são Corvos!
que teus olhos são coros – Corujas!
e tu acenas de longe – Espíritos!
ao meu sonho de antigo – Castelos!
o teu sono nos céus – na Rosa!
que já é tudo tão findo – Sozinho!
eu te olho nos olhos – Relâmpago!
em incêndio nos campos – Ciprestes!
na tua torre de ozônio – Fantasmas!
secam rios perdidos – Trombetas!
tu me atiras um beijo – Morcegos!
bomba atômica doente – tão Gótica!
teu cabelo na lua – com Sangue!
oceanos sem vida – Ciência!
eu te atiro um poema – Catástrofe!
nos meus sonhos de louco – Violinos!
teu sorriso magoado – Sopranos!
e o teu beijo na noite – Princesa!
furacões nos meus olhos – Arcanjos!
e o Destino do Mundo – Tristeza...

04 dezembro 2006

Contos do Crepúsculo e do Absurdo

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Quatro Poemas Apocalípticos

I
A Vida Corre

no medo mudo
o mundo berra
no amor já morto
que cai por terra
e o homem brinca
de boca-aberta
de mente-torta
de alma-morta
e o homem mata
e a mata morre
e a água escorre
num fundo corte
martelo em sangue
que a morte morde
e a vida escorre
e ao fundo corre
e o mundo berra
e o homem morre

II
Águas do Fim

águas em marcha
fúnebre
águas de março
seco
águas alvas
brancas
águas claras
de espuma: de ter gente
águas belas?
águas plásticas
chuvas ácidas
gotas trágicas

água da vida?
água da morte
dá medo
dá peste
e morre


a humanidade
e a água:
perdida
acabada.
e o que tu fazes?
fezes,
sem mágica...
e que água que resta?
A Lágrima.

III
Do Fim nº2

nem uma estiagem sobre o peito
nem um canhonaço nas idéias
nem um furacão sobre a esperança
nem um genocídio dos valores
nem um tsunami na virtude
nem um terremoto na psique
nem a bomba atômica no espírito
nem uma catástrofe na alma
nada
nem o próprio Fim
acordará o homem
do seu nada
e do seu próprio Fim

IV
Soneto a Ela

Paira tua grandeza sobre as nuvens
e pesa mau destino sobre os homens.
Em negro mundo os anos se consomem
e mais clara em tua alma tu nos surges...

Caem raios das horas que refulges,
como sonhos de morte que em mim somem
como fins teus ocultos que há em Beethoven
como sombra em ti fêmea viva em luzes...

Tua voz nas tormentas que há nos céus,
teu olhar cataclísmico nos vela
nos sinais do Infinito dos teus véus...

E por ser Una, arcanamente bela,
alguém dirá talvez que vós sois Deus,
mas eu canto que vós sois no Eterno Ela...

O Fim Inaceitável de Cada Um de Nós (Você concorda que esse será o nosso destino?)

Que importa agora que eu diga meu nome? De que vale um nome em meio do nada? Ou um nome em meio da treva? Um nome em meio da Morte? Não sei, não sei agora como se encontram as outras regiões deste miserável planeta agonizante, quem sabe já absolutamente morto, e não sei devido ao fato de que não tenho acesso a nenhum meio de comunicação. Mas sei o que vi, sei do horror inimaginável que devastou toda a minha cidade e, com toda certeza, todas as regiões próximas a ela. Sou o único ser humano vivo em um raio de quilômetros, pois eu mesmo verifiquei, praticamente me arrastando, por estes últimos dias, os dias negros subseqüentes a este apocalipse. É possível que no lodo coberto tão-somente por mortos e ruínas ainda viva alguém além de mim? E quando eu digo que por quilômetros há somente lodo e ruína, não estou exagerando. Avisto unicamente três construções ainda parcialmente em pé e algumas árvores completamente mortas. Foi em uma dessas construções que encontrei este papel e este lápis, e assim escrevo estas linhas derradeiras, na derradeira esperança de que algum humano que talvez ainda exista em algum ponto do globo venha até aqui e leia meu trágico (antes fosse somente trágico) relato.
Sei que em breve morrerei. Há dias não como, tenho o coração coberto de feridas purulentas e de hematomas, e utilizarei minhas últimas energias para escrever estas palavras de desolação. No entanto, não tratarei de catástrofes externas...
Eu poderia escrever sobre as arrasadoras guerras nucleares, sobre a aniquilação completa das vegetações e dos animais, dos desastres ambientais e climáticos que varreram minha região, mas não escrevo. Eu poderia aqui falar sobre os rios secos ou apodrecidos, sobre o efeito-estufa que transformou nossas terras em um deserto, sobre as doenças e epidemias surgidas dos erros da ciência e do massacre ambiental, mas não é necessário falar sobre isso, todo mundo já sabia... Poderia ainda tratar da brutal violência, da violência absurda e inconcebível que imperou nas ruas, ou ainda do fim definitivo da água potável e da energia elétrica, dos ares negros empesteados de todas as formas de poluição; poderia falar dos furacões, dos cataclismas, dos holocaustos, dos infindáveis incêndios, das mutações genéticas, da queda de gigantescos asteróides, do calor infernal e mortífero, dos mórbidos céus negros e doentiamente avermelhados, da aproximação daquele planeta terrível, dos monstros que surgiram não sei como nem de onde, enfim, eu poderia falar de horrores e mais e horrores, mas eu calo, em desespero, sobre tudo isso, pois tudo era previsível e perfeitamente lógico.
Mesmo assim, irei falar do fim absoluto... Não das conseqüências e resultados externos do fim, mas do que o causou. Falarei do fim interno, escreverei sobre a catástrofe e o apocalipse que se desencadeou no interior do homem, como uma doença fatal. Que doença foi essa? Qual o seu nome? De onde surgiram tão extremada degradação e decadência, corrupção tão impiedosa, tão avassaladora de sua mente e de seu coração, carcomendo como um câncer o íintimo ? De onde surgiue de seu coraçao,o interior do homem, como uma doença fatal. calo, em desespero, sobre tudo isso.ças entimo da humanidade? Eu falarei sobre o fim da Alma.
Tal qual ocorreu com o remoto Império Romano, a decadência da civilização atual foi nada mais que o trágico resultado da degeneração psíquica e espiritual de cada membro de sua população. Só que agora, a degradação individual realizou-se em um nível muito mais amplo e profundo. É claro que não foi algo ocorrido de um dia para o outro, mas o lento resultado de décadas de uma progressiva agonia anímica, em que o homem foi assassinando sua chama interior, a raiz de sua humanidade.
Ainda me recordo daqueles longínquos dias de minha infância, onde constantemente ouvia meus avós mencionarem coisas do tipo: “no meu tempo não era assim, as pessoas eram mais honestas, mais confiáveis, mais honradas, respeitavam-se mais...” Cresci ouvindo tais palavras e quando me tornei adulto, eu passei a proferi-las, percebendo o quanto as pessoas, em minha infância, eram melhores do que as que convivo agora, isto é, convivia. Consistiu-se em lugar-comum afirmar que a humanidade evoluiu prodigiosamente em seu aspecto externo, ou seja, nas descobertas supostamente científicas, nas invenções materiais, nas criações tecnológicas, que fizeram o ser humano cercar-se de uma infinidade de máquinas e aparelhos, dos quais se tornou completamente dependente. No entanto, e isso também se tornou um lugar-comum, essa evolução externa não teve seu correspondente interno, muito pelo contrário, como seres humanos, como seres dotados de vida psíquica, emotiva, espiritual, involuímos progressiva e implacavelmente, e o resultado último de tal constatação, eu vejo negramente retratado ao meu redor. Talvez esse seja o maior dos lugares-comuns...
Durante minha existência, fui como uma antena orgânica que captava todas essas inevitáveis e, muitas vezes, sutis degradações, e percebi que o fim viria a passos rápidos, resolutos, inexoráveis. Testemunhei a morte absoluta da alma humana. Vi o ser humano tornar-se mais e mais insensível, vulgar, brutal, empedernido ao extremo. Eu contemplei aniquilado o desfile daqueles seres mecânicos, que não mais se poderia qualificar como humanos, enquanto eles massacravam em risadas a antiga nobreza de alma que possuíam. Pisotearam em sua honra, em sua dignidade, em tudo de alto e belo que vivia em seu espírito, ao mesmo tempo em que entronizavam a lei do “quanto mais baixo e vulgar, melhor”. Nada mais do que míseros robôs de carne e osso que viviam tão-somente para comer, beber, procriar e se divertir eventual e porcamente, numa busca desesperada por um prazer efêmero, de conseqüentes marasmos e amarguras insuportáveis.
Devi dizer que me insuflava uma profunda depressão a visão daqueles “humanos”, cuja alma encontrava-se em estado terminal. Não passavam de zumbis, dos quais o maior objetivo de vida consistia nos fatídicos e bestiais bordões: “Viver para mais ter”, ou “Eu estando bem, os outros que se danem”. Essa perversa filosofia do capitalismo, essa autêntico louvor à mais exacerbada e perversa manifestação egóica, aos poucos, foi tornando a vida humana mais e mais materialista, repugnantemente materialista, hediondamente fria e sem nenhum sentido, a não ser o de acumular bens e produtos e aquilo que os poderia comprar... Acumular dinheiro: maior e mais sublime motivo de nossas existências. E assim a humanidade transformou-se na cega e degradada vítima do consumismo desenfreado que, como sugere a própria palavra, foi consumindo vorazmente todos os recursos naturais do planeta, até esgotá-los em uma horrenda plenitude.
O que esperar de uma população com tais pensamentos, além de um inevitável suicídio, de uma dolorosa autodestruição lógica e inexorável? O que esperar de um povo que somente cultuava as posses físicas e as aparências ao mundo social? De uma civilização incapaz de demonstrar uma real manifestação de grandeza anímica? O que dizer daquela diabólica ordem? Aquela do quanto mais superficial, quanto mais vazio, quanto mais idiota, melhor, será mais reverenciado, obterá mais sucesso, será mais discutido e aclamado? Assim foi com todas as coisas, o que decretou a morte definitiva das culturas e das artes. A começar pela poesia, pelas profundas criações literárias e filosóficas, atingindo até mesmo a ciência, que morreu no dia em que deixou de buscar a verdade para satisfazer os interesses financeiros.
Ninguém mais demonstrava o mínimo interesse por um poema, por um romance, por um tratado filosófico, porque tais coisas já não significavam mais nada, ninguém mais era capaz de verdadeiramente compreendê-las, pois tais coisas não eram consumismos, não eram “prazerosas” de acordo como se conceituava o prazer na época do pós-modernismo. Porque cultuar um poema não trazia dinheiro ou bens materiais, não contribuía com o incremento das aparências físicas etc.
Ao meu desolado redor vejo o funesto resultado da perda da nossa alma. Aí está a trágica, a cosmicamente trágica conseqüência dos atos daqueles homens e mulheres que não eram capazes de apreciar uma pintura, ou a música clássica dos grandes mestres, que somente buscavam, como vermes afogados no lodo, as piores baixezas, as pseudo-artes mais desprezíveis e vulgares, falsas músicas degeneradas, imundas, nojentas, que apelavam para as mais pútridas e abomináveis degradações humanas. E essa foi a categoria de indivíduos que herdou o mundo e acabou com ele...
Enquanto a cobiça irrefreável destruía todo o planeta, aniquilando rios e florestas, mares e animais, o homem cego e estúpido, em sua tola prepotência, em seu orgulho verdadeiramente imbecil, acreditava como um fanático que a ciência iria resolver todos os seus problemas, que poderia evitar o fim, que salvaria a humanidade, ainda que o homem prosseguisse liquidando com tudo, em um ritmo de destruição desolador. E tal pensamento, de uma medonha e inacreditável estupidez, imperou monárquico, ninguém estava preocupado com o futuro do planeta, com o legado que seria deixado aos seus próprios descendentes. Todos caminhavam firmes e decididos ruma a uma solene destruição, com um sorriso idiota estampado em um rosto que era a face morta da decadência. E horror não parou por aí...
E enquanto eu agonizava em meio à destruição absoluta, refletia desesperado sobre todas essas tragédias, e pensava sobre a corrosiva indiferença que foi lentamente carcomendo o espírito humano, a desoladora verdade de que nada era capaz de tocar a sensibilidade das robóticas populações. O homem habituou-se ao horror que dominou os quatro cantos da Terra. Nem a fome, nem a violência, nem o massacre ambiental, nem os genocídios, nem as piores atrocidades, nada, absolutamente nada mexia com os sentimentos da grande maioria da civilização. E o reinado do horror e da morte ascendeu triunfante sobre a humanidade.
E era verdadeiramente intolerável a tristeza que causava a visão de todas aquelas multidões semimortas, escravos da matéria e da vulgaridade mais rasteira, seres que não encontravam o menor sentido para suas vidas e, assim como assassinaram sua alma, acreditavam também que todos os outros seres e astros do universo eram desprovidos de espírito, que não passavam de amontoados, aglomerações de átomos a formar um ser mecânico e insensível como tornou-se a humanidade. Para os humanos, não havia vida no universo, não havia ordem, harmonia ou equilíbrio, somente caos. Como o caos reinou em nossa civilização, assim pensava o homem, deveria ser em todo o cosmos.
E esquecidos de tudo o que era elevado, mortos a tudo que era sublime, cegos à superioridade da alma, a humanidade apenas buscava viver a mediocridade de uma existência imediatista, com a miserável mentalidade de “aproveitar a vida”, sendo este “aproveitar” sinônimo de consumir o maior número de produtos possíveis, entupir-se de alimentos e bebidas, divertir-se bestialmente e despejar no sexo os estresses do trabalho escravizante, das existências vazias, dos problemas eternos, insolucionáveis, até que viesse a morte e acabasse com tudo. Ninguém se importava em buscar um conhecimento superior, em compreender verdades maiores sobre a vida e sobre o universo, em sobrelevar-se espiritualmente sobre a miséria da humanidade. E tal civilização de desalmados herdou a terra...
É lógico que nosso fim chegaria, ainda que todos fingissem que não, que tudo estava muito bem, ou então, fingiam que seria possível resolver a irreversível situação. Aliás, fingir, apresentar grandiosas e irrepreensíveis aparências, tornou-se a maior especialidade desta civilização de víboras. A regra geral era aparentar tudo e não ser nada. O importante era a imagem de honestidade, de bondade, de profundidade, não tais qualidades em si; importava o que os outros pensassem que fôssemos, não o que realmente éramos. Aliás, o que era o homem?
Inquestionavelmente, a humanidade tornou-se egoísta em sua totalidade, ainda que aparentasse um enganoso amor, uma enganosa fraternidade, uma falsa justiça. O ser humano até poderia ser fraterno, desde que com isso ganhasse alguma coisa ou que, no mínimo, não perdesse nenhum centavo com seu ato caridoso. Tinha-se que ganhar algo sempre, o lucro era imperativo, ainda que tal lucro fosse de caráter falsamente espiritual. Porém, o lucro final, o grande lucro definitivo foi o horror absoluto, a desgraça suprema que impera em meu redor.
Todavia, o pior de tudo foi que a maioria esmagadora das pessoas julgava-se correta, ninguém tinha culpa de nada, cada um considerava-se a mais certa pessoa do mundo, sempre se encontrava uma maneira de justificar seus próprios erros, de lavar as mãos, de subtrair-se de sua própria culpabilidade. Quem admitiria sua parcela de culpa no horror que assolava o planeta? Não, ninguém o faria, era preferível colocá-la no vizinho, no estrangeiro, no governo, no irmão, no destino, em Deus, no diabo, mas nunca em si próprio. E até freqüentava-se pseudo-religiões que soprassem nos ouvidos humanos uma vida fácil, isenta de responsabilidade, de culpa, de real compromisso com a humanidade, com o planeta, para que cada indivíduo julgasse o melhor possível de si mesmo. Ademais, muitos pensavam: “Por que devo fazer minha parte se os outros não fazem a sua?” Então, dessa forma irremediável, o planeta foi morrendo, não suportando tão absurdas agressões, e, com ele, morria a humanidade já sem alma, pois “o exterior é o reflexo do interior”...
E, agora, só o que desejo é a Morte...
Eu ainda poderia falar do sexo, no que ele se transformou, mas estou exaurido, estou morrendo. Portanto, basta. Calo-me.
Apenas finalizo bradando aos negros céus e perguntando onde agora estão os grandes homens... Para onde foram os gênios? Onde estão a elevação da Arte e os grandiosos sentimentos? O que foi feito do verdadeiro homem, meu Deus? O que nós fizemos com ele? O que fizemos com o que havia de melhor em nós?
Mas... agora... agora sei que morro... Vejo aproximar-se uma luz, uma luz tão bela como há anos não vejo, cego que estou em meio a essa medonha escuridão causada pelo inverno nuclear. Ali, ali vejo a luz aproximando-se, serena e sublime... O que será, meu Deus! o que será ela? Distingo algo como olhos, olhos de luz, tão grandes, tão calmos, tão belos... Olhos femininos que agora me consolam tanto! Lá do alto eles vêm, ouço um bater de asas, será um ruflar de asas!? E aquela luz, aqueles olhos calmos, femininos, eles vêm... e eu..

28 outubro 2006

Soneto ao Fim

Pra onde foi a luz do que é Antigo?
Pra onde foram as almas dos Olhares?
Pra que abismo? que inferno? negros mares?
E este sonho? aonde vai? aonde sigo?

Muito bem... já que tudo está perdido
e pairam teus fantasmas pelos ares,
cantarei Fim por todos os lugares
e o que foi, sem jamais aqui ter sido...

O meu triunfo é estar-me nos teus braços,
vivo de morte, de sombra e de agouro
dos quais jamais irei fugir dos laços...

Vejo descendo uma deusa em negro e ouro
de que já tenho o beijo e o seu abraço
em febre e fúria de indomável touro.

Febre da Lua

à noite
a morte
a fim de que eu te veja
e no final desejo
eu vejo
duendes nos cantos
aos cantos de fadas
e sucumbo em arfadas
de visionários de asmas
doentes aos cantos
e se erguendo fantasmas
em fantásticas falas
que eu canto nos cantos
sem ar pelo amar
o fim dessas almas
que desejo tão altas
pelo fim que te canto
e ao fim não te vejo
só canto de cisnes
nas névoas flutuando
e flutua na lua
minha mágica maga:
à noi...
te amo
a mor...

19 agosto 2006

Signo de Peixes

último signo
já mergulhado
num outro mundo

és água e alma
desconhecidas
em céu Netuno

décimo-quarto
verso-de-louco
de além-soneto

coda final
de sinfonia
número 9

lied de Schubert
perto da morte
já opus póstumo

olho de príncipe
cravado em símbolo
de cruz-espada

sonho de sangue
pelo crepúsculo
sobre um cavalo

corvo-coruja
que um sino toca
junto com um sapo

lago de rosa
de preto e roxo
cantando à noite

beijo na mão
de uma doente
que já morreu

luz de lampião
de 3 fantasmas
pela janela

longe relâmpago
de uma tormenta
já quase 13

do Fim o signo
e só por isso
és tanto meu

Menstruada

má/guada...
des/manchada
em derramamentos
tu te purificas
ex/pulsando
lágrimas de útero

choros sanguino
lentos
lentos
pelas tuas pernas

vermelhas pétalas
das cho/rosas murchas
do jardim quente
do teu ventre em chuvas

eu absorvo tuas dores
melan
cólicas