08 fevereiro 2019

Com Lucro e Sem Vida*

enquanto houver lucro 
não haverá vida
nem de quem paga
nem de quem perde
nem de quem lucra

enquanto houver lucro
só haverá o suco
do que é vivo sugado
enquanto houver lucro
não haverá o justo:
só seres e homens
a serem esmagados

enquanto houver lucro
não haverá paz
só haverá pás a cavar covas
só haverá a sede
insaciável
de quem quer mais
só haverá a sede
insaciada
de quem
não pode
e não tem nada

enquanto houver lucro
o homem será invólucro
de um monstro
o homem será a máscara
de um mundo sem nada
movido à máquina
ao trágico
e à morte

e é assim:
enquanto houver lucro
haverá o fim

(Poema reelaborado, escrito e publicado originalmente em 2015)

Um comentário:

Ana Bailune disse...

Mas é o que é. Sempre foi. Sempre será...