08 junho 2018

De mais Sangue

eu não sou o meu trabalho.
em nome do quê colocamos o trabalho
acima da nossa vida?
eu não sou o que faço para ter dinheiro
eu não sou o que produzo
para a sociedade vazia e falida
eu não me resumo ao horário que cumpro

ainda não me reconheço como máquina
ainda não funciono por mecânica
me olho no espelho e ainda não vejo um robô
não me identifico como sensor eletrônico

sou algo de mais vasto de mais fundo de mais sangue
sou o que vejo o que penso o que sinto
o que busco o que amo o que tinto

não sou o que deixo para a civilização
sou o que deixo para a humanidade:
o que sou é o que vivo como humano
e só sou quando é  o meu ser