21 março 2017

Políticos passam. Artistas ficam.


Hoje, o mundo comemora os 332 anos de Johann Sebastian Bach, o Pai da Sagrada Trindade (Bach, Beethoven, Brahms), gênio absoluto da música, cultuado no mundo, mais que merecidamente, como um deus pelos amantes da música, da arte.  Mas nem sempre foi assim. É o que nos demonstra, por exemplo, o seguinte fato ocorrido com o compositor alemão há quase 300 anos. Confiram:


Em 1721, Bach dedicou a Christian Ludwig, margrave de Brandenburg-Schwedt, uma espécie de prefeito da época na Alemanha, os seus 6 Concertos de Brandenburgo, uma das obras musicais mais geniais e sublimes já compostas. O próprio margrave havia encomendado as obras. Porém, o senhor Christian Ludwig não deu muita importância para os concertos. Possuía uma orquestra de má qualidade para as exigências de interpretação das obras e não se dignou a melhorá-la para que as obras pudessem ser executadas. Resultado: os concertos de Brandenburgo não foram executados na época. Ficaram lá, jogados. Certamente, o margrave deveria estar muito ocupado com seus afazeres de político. E Bach, quem era Bach? 


Na época, Bach não era reconhecido como o gênio musical que é hoje. Vivia de forma muito modesta, compunha copiosamente e dava aulas para sustentar sua numerosa família. Não enriqueceu com sua arte. Muitas de suas obras nunca foram executadas durante sua vida, várias se perderam. Bach era visto como um grande organista e cravista, mas não como um grande compositor. Julgavam-no como um compositor menor. Não entendiam seu gênio. Consideravam sua obra demasiado hermética, difícil, sombria, e até retrógrada. De modo que o pouco caso do senhor margrave, um ilustre político, não foi algo surpreendente.

Mas vejam só que ironia do destino...  Quem hoje conhece o senhor Christian Ludwig? Na época, ele ignorou Bach. Hoje, o senhor margrave (ou prefeito, ou político, como queiram), só não é completamente ignorado porque é lembrado como aquele para quem Bach dedicou os Concertos de Brandenburgo... E o medíocre político nem se dignou a executá-los. Mas o político passou. Já quanto a Bach...

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