28 fevereiro 2015

Destruição Ambiental, Terrorismo Ecológico, Expressionismo, Crise Hídrica em São Paulo...

     
  

     Existe em nosso país uma visão simplista  e cruel por parte de uma grande parcela de nossa população, a saber, a de que os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento podem consumir sem medidas seus recursos naturais e ambientais,  porque os países ricos já o fizeram, e têm agora a intenção de se apossar das riquezas dos demais países, através do que chamam de "terrorismo ecológico", que consistiria em "inventar" possíveis catástrofes planetárias como o aquecimento global. 

    Primeiro, isso de que países desenvolvidos destruíram todo seu ambiente natural é uma meia verdade. É certo que alguns o fizeram, EUA, por exemplo, mas também temos países altamente desenvolvidos, como Suécia, Finlândia, Noruega, Canadá, que mantém sua natureza em altos níveis de preservação. Até mesmo a Costa Rica, um pequeno e humilde país da América Central, vem sendo um exemplo digno de desenvolvimento sustentado e preservação ambiental, investindo no turismo controlado e tendo elevados ganhos financeiros com a preservação de suas belas florestas e praias. Na Costa Rica, mais de 80% de seu território  é ocupados por florestas, quase todas em parques protegidos. 

    Não entrarei agora no mérito de que são ou não causadas pelo homens as mudanças ambientais, se há ou não terrorismo ecológico.Já escrevi sobre o assunto em outras ocasiões.  Entrarei agora no mérito do que VEJO na minha região: rios que tinham vida, hoje mortos ou contaminados, o desaparecimento de animais que eu via com facilidade na minha infância, matas exuberantes hoje dando lugares a lavouras de soja infestadas de venenos, ou reduzidas a capões ridículos, campos deteriorados, desertificados. Isso não é teoria, não são projeções, são FATOS que vejo com meus próprios olhos. Isso é desenvolvimento? Não, é imbecilidade, crueldade, um descaso absurdo e injustificável com a vida, inclusive com a vida humana, que depende das demais vidas e dos recursos naturais preservados para continuar existindo.

Mesmo assim, os otimistas incorrigíveis estão certos de que tudo não passa de acidente de percurso, e que pessoas como eu somos uns "alarmistas".  Lembro-me, então,  e associo o que agora ocorre com o que ocorria nas últimas décadas do Séc. XIX e nas primeiras do Séc.XX. Naquela época, a humanidade se dividia em duas grandes correntes. A primeira, e a maior, eram os otimistas, os fascinados com o progresso científico e invenções tecnológicas, que achavam que durante a primeira metade do Séc. XX viveríamos um período de prosperidade econômica, social, humana, nunca antes visto, devido às descobertas científicas. Acreditavam que as doenças seriam banidas, que não haveria mais pobreza, miséria, que não haveria mais guerras, enfim, que todos ou quase todos nossos problemas seriam solucionados.


Do outro lado, estavam os que eram classificados como os pessimistas, os do contra, basicamente artistas (escritores, músicos, pintores) que, na forma do Expressionismo, captavam e expressavam um mundo bem diferente, um mundo sombrio e ameaçador, permeado de angústia, desumanização e descrença no homem. Percebiam que algo não estava bem e que isso explodiria nas próximas décadas. 


O resultado todos sabemos: em 1945 tínhamos uma Europa devastada pela 2ª Guerra Mundial, duas bombas nucleares detonadas em solo japonês, o mundo mergulhado em caos, medo e miséria, dentro do temor insano da Guerra Fria... E olhem que naquela época NEM SE COGITAVA na ameaça ambiental.


Um exemplo da corrosiva ação humana  atual no planeta pode estar na histórica crise hídrica em São Paulo. Sobre o assunto retiro trecho de uma esclarecedora postagem do blogueiro Ivanhoé Eggler Ferreira:



"O Brasil é um dos países mais ricos em água do mundo. Com cerca de 13% de toda água doce do planeta. Mas o maior consumidor de água no país é o agronegócio (72%), que tem a produção voltada para exportação de soja, carne bovina e suína. Para se ter uma ideia, só em 2013, o agronegócio gastou 200 trilhões de litros de água, o equivalente a 200 Sistemas Canteira cheios. Indústrias consomem na ordem de 22% . O governo e a imprensa tentam colocar a culpa apenas na natureza pela falta de chuva para encher os reservatórios e tenta colocar sobre a população a responsabilidade de solucionar o problema da economia de água. Mas a verdade é que o uso doméstico equivale apenas a 6% do consumo de água no país."


A postagem de Ivanhoé pode ser conferida  na íntegra aqui.

(Na imagem, o sombrio e profético expressionismo de Munch em seu famoso quadro "O Grito",  de 1893.) 

Um comentário:

Nadine Granad disse...

Aqui em São Paulo estamos em grito...
Bom texto!