10 julho 2013

A Gloriosa, Magnânima e Sublime Imprensa Santiaguense

Não posso concordar com e nem mesmo tolerar aqueles que afirmam revoltosos e enganosos que a impressa santiaguense não é isenta, que é parcial e tendenciosa, que favorece e privilegia alguns lados, alguns grupos, alguns indivíduos, em detrimento de outros, que atua conforme seus próprios interesses e de seus patrocinadores e não em benefício da comunidade. Não, isso é uma afronta à ética dos nossos jornais (que primam pela qualidade inigualável de conteúdo, diga-se de passagem), blogs compromissadamente noticiosos e jornalistas abnegados, verdadeiros, sinceros, desinteressados, humildes e inflexíveis.

Desconheço completamente a existência, por exemplo, de favorecimentos aos nossos coronéis. E mesmo que haja algum, qual o problema que veem no fato? Nossos coronéis são todos grandes homens que honram o fio do bigode (mesmo que não o tenham) que eternamente têm controlado nossa cidade com seu reto certo, digo, reto cetro, com o único e sagrado objetivo de torná-la mais próspera e livre da canalha preguiçosa e anarquista, principalmente essa juventude corrompida e libertina que anda maculando o santo nome da Terra dos Poetas, estragando a beleza esfuziante de nossas ruas e levando a infâmia à paz das famílias progressistas.

Que nossos órgãos de imprensa beneficiem os coronéis, os homens que fazem, a gente da classe alta, a elite (afinal, o que significa a palavra elite que não “os melhores”, e classe alta é o mesmo que pessoas nobres)  é algo verdadeiramente louvável, uma vez que provam que estão alinhados e comprometidos com o que é inquestionavelmente certo, correto, justo, claro e progressista. Não, ao mencionar “progressista”, não pensem os senhores que fiz uma alusão maliciosa ao Partido dos Pobres, ou PP. O que quero dizer é que nossos órgãos de imprensa demonstram que são compromissados com o nosso desenvolvimento. Alguns invejosos, caluniosos, vagabundos, chegam ao cúmulo inaceitável de pronunciar a grosseira e grotesca palavra “cabresto” para a nossa imprensa, dizendo que foi encilhada pelos coronéis, o que, é, logicamente, um absurdo, uma atitude de má-fé e covardia. Essa gente têm provas do que afirma? Duvido muito.

Também nunca soube de casos, por exemplo, de pessoas que tenham sido excluídas dos jornais por dizerem certas verdades inconvenientes, ou seja, nunca nem mesmo ouvi falar de censura, de discriminação, de impedimento, ou daquela expressão popular e de mau-gosto: “fulano foi cortado...”. A democracia é o lema pujante, o pendão glorioso da imprensa santiaguense, onde qualquer indivíduo, mesmo que seja um pobre coitado assalariado, pode deixar livre e desimpedido a sua opinião e mesmo assim seguir trabalhando. Nem mesmo no Facebook soube de algum caso de algum jornalista ter excluído algum amigo por este estar incomodando ou perturbando as verdades já estabelecidas em nosso município.

Digam-me, cavalheiros de bem, digam-me damas espetaculares da sociedade, que magnificamente e semanalmente frequentam as páginas de glamour e badalação social de nossos jornais, digam-me se há algo mais belo, mais saudável, mais edificante do que a chegada de um honrado e ilibado homem de imprensa a algum evento, a alguma festa, enfim, a qualquer acontecimento digno de nota? Olhem, observem, admirem a divina sinceridade e alegria espontânea estampadas em seus sorrisos, que lembram as celestialidades mozartianas, e são um alento, uma esperança, uma saudação de paz e benignidade à inteligente e culta sociedade santiaguense.

Como alguém pode caluniar tais homens, próximos à grandeza dos semideuses, afirmando que são um bando de interesseiros vaidosos e narcisistas que andam atrás de vultuosos patrocínios, chegando mesmo a usar termos chulos e vulgares, como este que ouvi esses dias, mais ou menos assim: “esse pessoal da imprensa quer é encher o cu de dinheiro...”?

E como podem afirmar essas pessoas, sem amor ou bondade ou moral em seus corações, que os nossos homens de imprensa enchem seus veículos de informação de fofocas, de sensacionalismos baratos, ou de frivolidades, banalidades, futilidades, inutilidades e outras “dades” mais? Como podem?

Só falta agora cometerem o sacrilégio criminoso de dizer que nossa impressa oculta ou distorce ou omite algum fato, alguma verdade. Não, isso seria demais, ainda acredito na sensatez, no bom senso da humanidade, e espero que jamais surja uma pessoa capaz de pronunciar tamanha ideia descabida.

E eu não são serei o primeiro.

Obs.: Deixo a foto acima daquele simpático macaquinho para que nossos jornais e blogs, sempre preocupados com a questão ambiental, publiquem-na, como forma de contribuir com a preservação do raríssimo Macaco-de-Saco-Azul. Só espero que não venha algum malicioso desaforado metido a engraçadinho insinuar que publiquei a foto para que os puxa-sacos de Santiago fiquem felizes em finalmente poderem puxar um saco azul.  

4 comentários:

Carla Ceres disse...

Bom saber que a imprensa santiaugusta é inefavelmente irretocável, como toda a imprensa nacional, jamais maculada por coronelismos. Empresta a foto do macaco? Meu interesse também é puramente ecológico. :)

Redação disse...

Brilhante abordagem sobre nossa imprensa.

Unknown disse...

Isso só pode ser piada, ainda vou conseguir terminar uma matéria dos jornais de santiago sem ser obrigado a ler a opinião do jornalista responsável. (lembrando que pra isso existe as colunas). Outra coisa, acho que não deveria chamar de vagabundo as pessoas que tem uma opinião diferente da tua. Isso pode ofender alguém.

Al Reiffer disse...

Eu chamei alguém de vagabundo, Fernando? Tens certeza de que entendeste o texto?