01 janeiro 2013

da Missão do Artista


cavar
dia após dia
com uma pá de corte
(com um lado sujo de amor
e outro de morte)...

cavar o todo instante
como se fosse adiante
empurrar com o pé
o que não é
até  tocar
em diamante
cavar o só
pelo vasto
do que é mais nada
além de pó

cavar cova imensa
cratera
ao outro lado
à outra era
arrancar petróleo e ouro
em cansaço
de fôlego de touro

e enfim
jogar tudo aos porcos
pelos chiqueiros
de lodos tortos
e partir riscando
o seu nome da lista

e como um vulto
em luto
que pelo longe some
sublime!
morrer de fome
refletindo horizontes
nas pupilas da vista...

(eis a missão 
- mas não em vão -
do artista)

2 comentários:

Nadine Granad disse...

Vim... ao buraco que o artista cavou ;)

Davi Machado disse...

Mandou bem com o poema
especialmente aqui

"morrer de fome
refletindo horizontes
nas pupilas da vista..."

e isso aí!