17 novembro 2012

A Polícia Militar e a sua Culpa nos Crimes em São Paulo - E a Violência da Brigada em Santiago

Abaixo, apenas transcrevo a 1ª parte do texto "Só o PCC ameaça Sâo Paulo?" publicado no jornal eletrônico Sul 21. O texto é de autoria de Antonio Martins. Os trechos em destaque (em vermelho) são de minha responsabilidade. 


"Ao descrever, num ensaio recente (breve em português, em Outras Palavras), a situação tormentosa vivida pela Grécia, o jornalista Paul Mason, da BBC, recorre à história da Alemanha, às portas do nazismo. Só uma sucessão de erros crassos, mostra ele, pôde permitir que Hitler chegasse ao poder. Mas havia algo sórdido por trás destes enganos. Embora não fosse conscientemente partidária do terror, a maior parte das elites alemãsdesejava o autoritarismo, pois já não conseguia tolerar o ambiente democrático da república de Weimar.

As circunstâncias são distintas: não há risco de fascismo no cenário brasileiro atual. Mas é inevitável lembrar de Mason, e de sua observação sobre a aristocracia alemã, quando se analisa a espiral de violência que atormenta São Paulo há cinco meses. Em guerra com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), parte da Polícia Militar está envolvida numa onda de assassinatos que já fez dezenas de vítimas, elevou em quase 100% o índice de homicídios no Estado e aterroriza as periferias.

Pior: a escalada foi iniciada (e é mantida e aprofundada) por integrantes da própria PM, a força que deveria garantir a segurança e o cumprimento da lei no Estado. Mas apesar de inúmeras evidências, o governo do Estado não age para refrear tal atitude. E a mídia omite, ao tratar da onda de mortes, a participação e responsabilidade evidentes da polícia. É como se tivessem interesse em manter, em São Paulo, um corpo armado, imune à lei e ao olhar da opinião pública, capaz de se impor à sociedade e diretamente subordinado a um governador cujos laços com a direita conservadora são nítidos.

Para ocultar o papel de parte da PM na avalanche de brutalidade, a mídia criou um padrão de cobertura. As mortes de autoria do PCC são noticiadas, corretamente, como assassinatos de PMs. Informa-se que o número de crimes deste tipo cresce de modo acelerado — já são 90 vítimas, este ano. Mas se associa a insegurança que passou a dominar o Estado apenas a estes atos. Também informa-se sobre parte das mortes praticadas pela PM — seria impossível escondê-las por completo. No entanto, aceita-se, sempre sem investigação jornalística alguma, a versão da polícia: morreram “em confronto”, depois de terem reagido.

Este estratagema permite silenciar sobre três fatos essenciais e gravíssimos: a) parte da PM abandonou seu compromisso com a lei e a ordem pública e passou a agir à moda de um grupo criminoso, colocando em risco a população e a grande maioria dos próprios policiais, honestos e interessados em cumprir seu papel; b) diante desta subversão do papel da PM, o comando da corporação e o governo do Estado estão, ao menos, omissos; c) procura-se preservar este estado, evitando, recorrentemente, caracterizar a atitude do setor criminoso da polícia e, muito menos, puni-lo.

Antonio Martins - Confira todo o texto aqui.

Aproveitando a temática da postagem, a qual se relaciona com os crimes cometidos por PMs, deixo, a pedido do amigo Vanderlei Almeida, um texto de sua autoria sobre as recentes suspeitas de agressões e de abuso de poder por parte de policiais militares em nossa cidade. Alguns policiais teriam agredido covardemente alguns meninos indefesos e, até onde se sabe, inocentes.  O caso está sob investigação.

"Hoje pela manhã, fiquei perplexo em ver os pais daqueles meninos que foram agredidos por policiais militares em nossa cidade, protestando contra a violência e o abuso de poder. Senti-me em outra cidade, onde a sociedade questiona atos de violência contra menores, contra a fome, enfim protestando contra a polícia do ESTADO. Historicamente falando, a polícia, os "guardas" foram criados para defender o Estado e não o cidadão. Mas também fiquei revoltado, em saber que só há manifestação quando filhos de uma classe social sofrem qualquer tipo de represália por parte daqueles que estão aí para nos proteger? E os filhos daqueles que não conhecem os seus direitos? Onde está a sociedade para se manifestar a favor também dos filhos de pessoas das classes mais baixas? No passado, na época da ditadura militar, onde vivíamos sem expressão alguma, sem direito algum, o Brasil acordou do golpe da censura do abuso do Estado, quando filhos de empresários começaram a sofrer represálias e serem torturados nos porões da ditadura. Precisamos ter a capacidade de entender que a lei e a justiça valem para todos e não apenas para uma minoria que se diz ter expressão. Precisamos urgentemente de pessoas que defendam nossos direitos, o direito de todos, enfim os DIREITOS HUMANOS."

Vanderlei Almeida

2 comentários:

Nadine Granad disse...

É... Reiffer!...

Você consegue ver com clareza o que se passa "aqui" ;)

Beijos =)

Weimar Donini disse...

Boa noite, Reiffer.
Algumas notícias me fazem lembrar Sócrates, há 2.500 anos passados. Mais precisamente a alegoria do mito da caverna.
Não que eu queira comparar algumas comunidades com as sombras da caverna da história. Não! Isto não me passaria pela cabeça.
É mais no sentido do avanço no patamar do conhecimento, mesmo.