02 outubro 2012

De Por que um Partido deve deixar o Governo...


Sempre que escrevo sobre política, fico com a desagradável sensação de que saí cheirando mal. Afinal, como diz aquele velho clichê, “a política fede”. E no Brasil, o fedor é mais pungente. Admiro os políticos pela sua capacidade de não vomitar estando envoltos em tanto fedor.  Dado esse preâmbulo, como as eleições municipais estão aí, deixo algumas considerações.

1 – “Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão.” Alguém discorda do que disse Eça de Queiroz? De minha parte, estou certo de que um mesmo partido não deve ocupar mais do que por 8 anos seguidos o poder.  Oito anos deve, ou deveria, ser o tempo máximo de um mesmo partido permanecer no governo. Mais que isso, leva à acomodação. Tanto do governo quanto de quem se favorece do governo. Mesmos os partidos, mesmos os favorecidos. Quem está na mamata são sempre os mesmos. Sim, porque mamata há com todos os partidos.  Isso não adianta. Sempre haverá os aproveitadores do partido que estiver no poder, seja qual for. Por isso, é importante que o partido mude. Para que mude os favorecidos, para que outros também possam se aproveitar e não sempre os mesmos. Para que se formem outras “panelas” com outras pessoas. Portanto, está na hora de o PP deixar o poder em Santiago.

2 – E também ocorre que determinados partidos preferem fazer tais coisas e deixar de fazer outras. Não digo que prefiram simplesmente “porque sim”. “Preferem” porque assim são seus direcionamentos. Que têm a ver com toda a história e com aqueles que fizeram e mantêm o partido. Não existe partido que faça tudo em tudo. Cada um faz de acordo com seus interesses e de acordo com quem está por trás de seus interesses. Lá de vez em quando faz por sua ideologia. Se é que a tem. E não venham me dizer que o que vale é a pessoa e não o partido. Isso é conversa fiada. Ingenuidade. A pessoa faz o que o partido e as forças que sustentam o partido deixam que a pessoa faça. No caso do PP em Santiago, não digo que ele não fez coisas boas para o município. Porém, deixou a desejar em vários pontos, o que vem se repetindo desde gestões anteriores do partido. A questão do emprego é uma delas. Sem falar na "Política da Aparência", na preocupação com enfeites no centro, olvidando-se do resto. Outra sigla que assuma a prefeitura poderá deixar de cobrir alguns pontos cobertos pelo PP, mas dará, ou deverá dar, atenção a outros que estão um tanto “esquecidos”, ou deixados em segundo plano. Ou, que simplesmente, não podem ser feitos pelo PP, visto que as forças por trás de um partido de direita impedem, não desejam que sejam realizados.

3 – Em uma de suas colunas no jornal “Correio do Povo”, intitulada “Coincidências Rurais”, o jornalista Juremir Machado da Silva escreve que muitas das mudanças de que necessita a sociedade brasileira são impedidas pelos grandes proprietários rurais, que, na defesa de seus interesses, não desejam, por exemplo, a reforma agrária e buscam também o amolecimento da legislação ambiental para terem “liberdade de destruição”. O hediondo Novo Código Florestal está aí para provar. Ocorre que tais produtores patrocinam, sustentam os partidos de direita na câmara, entre eles, o PP. Qual a preocupação do PP com o meio ambiente? Para mim, parece ser nula. Não é à toa que o deputado Luiz Carlos Heinze , do PP, é claro, foi um ferrenho defensor desse Código. E aqui em Santiago, como se dá essa sustentação?

4 – Alguns dizem que hoje não há mais esquerda e direita. O curioso é que os que dizem isso são os que são, geralmente, de direita. A direita é sempre direita. E não quer que exista a esquerda. O que ocorre é que muitos partidos de centro ou ficam como melancias em cima do muro, ou se aproximam de partidos que estão no poder. Qual é a ideologia do centro?  Já os partidos de esquerda existem. Mas muitos afrouxaram e se aproximaram da direita, adotaram práticas de direita.  Sempre em prol de “seus interesses”. Voltamos ao velho clichê: “política fede”. Mas continuam sendo esquerdas, “enternecidas”, para usarmos um eufemismo. Esquerda total hoje no Brasil talvez seja o PSol. Talvez. Seja como for, cada partido tem interesses diferentes. Alguns são os mesmos, como roubar. Não digo que todos os políticos roubam. Mas todos os partidos,quando assumem o poder, dão a sua roubadinha. O PT roubou com o seu mensalão. E o PMDB junto. O PSDB, antes ainda, também roubou com o seu mensalão. E junto com vários outros, como o Dem e o PP. Tivemos no RS vários escândalos de desvios de verbas durante o governo de direta da Yeda. Um foi o do DETRAN. Diziam até que o ex-deputado Marco Peixoto poderia estar envolvido. Mas não deu em nada. Normal. E como a mídia é de direita (inclusive em Santiago), ela não divulga nada. Não é dos seus interesses.

            Então é isso. Cada partido tem seus interesses. Por isso temos que trocar os partidos de vez em quando. Para que não fiquem em voga sempre os mesmos interesses. E os mesmos interessados. E os mesmos favorecidos. Porque... resolver mesmo a situação, quem é que resolve? O mundo não tem solução. E só a arte vale a pena. 

5 – Já falei, no blog, sobre os candidatos a vereadores. Confira aqui. Por isso, nem vou me deter no assunto. Só acrescento que chegamos ao final da campanha e têm muitos candidatos que querem ser vereadores apenas para estar no meio da política e do seu fedor (talvez, o salário compense).  São como baratas que gostam de lixo. Sim, porque não apresentaram proposta nenhuma. Nada. Alguns, devem desejar o cargo para pagar festas e beberagens para os amigos. Só pode.

6 – E como diria o Capitão Rodrigo em “O Tempo e o Vento” do Érico Veríssimo: “Governo é governo. Sempre é divertido ser contra.”

2 comentários:

Nadine Granad disse...

Hahaha... sempre é divertido ;)

A imagem também: um espetáculo à parte!


Beijo =)

Milene Lima disse...

Na minha cidade, Arapiraca, agreste alagoano, esse ano o prefeito passará o bastão depois de 8 anos, para uma candidata que não é do mesmo partido, mas é indicada por ele. Ela, por sinal, foi prefeita também por 8 anos e, tendo indicado o moço pra sua sucessão.
Como vê, eles sempre dão um jeito. A panela permanece. As coligações estranha surgem inexplicavelmente.
Isso aqui tá praticamente uma monarquia disfarçada de democracia.

Abraços!