07 setembro 2012

Que Seja Sobre o Sangue


que seja
o meu verso

sobre o sangue
em areia derramada dura
no nu obsceno
do seio necropsiado
da terra
sangue seco
coagulado pelo pó da enxada
que deserticamente escorre...

que seja
sobre o sangue
ou água-podre
em rio derramado humano
visco de olho negro
no óleo do amargo da margem
que poluidamente escorre...

sobre o sangue
ou seiva-lágrima
em verde derramada queda
o esverdeado do plasma
da vastidão evaporada
que devastadamente escorre...

sangue
ou guará atropelado
pelo horizonte
rubro-vivo-lago
miolo derramado afora
no embora das estradas
que extintamente escorre...

que seja...
ou o que morre

Um comentário:

Anônimo disse...

Perdão sobre a seguinte palavra, mas "caralho" meu, excelente poema!