28 setembro 2012

Permita-me...*


permita-me
que eu me apresente
pois quando eu venho
já é tarde demais...

a minha face
não se revela no antes
mas não que eu não esteja
entre o todos
estou
como sendo um filho
criado em oculto
que nem se conhece
e nem se sabe que se cria

sou o filho de quem me negam
e quando ainda não sou conhecido
levo a face incógnita
que se parece amor
como se eu fosse um outro
daquilo que é o ser em mim

estão todos certos
de que eu nunca serei
que me sou impossível
e que minha vinda
é o próprio absurdo
filho bastardo
que julgam abortado

a princípio
enquanto cresço
eu nem existo
mas quando venho
(e eu sempre venho)
curvam-se à minha face

o meu nome?
O Horror

* Poema inspirado em O Coração das Trevas, de Joseph Conrad

3 comentários:

Aline disse...

E sempre tem quem permite a vinda dele...

Nadine Granad disse...

Conseguiu me deixar horrorizada, rs...
... e ainda assim encantada com as descrições tão bem construídas!...

Beijos =)

Zélia Guardiano disse...

Espetacular, Reiffer!!! Sentia saudade dos seus escritos...
Abraço