25 março 2012

Da Imbecilidade Acadêmica

Amigos leitores, acompanhem a notícia abaixo: 

"Carlos Camacho Espíndula, 25 anos, residente no município de Francisco Beltrão, localizado na região sudoeste do Paraná, entrou em convulsão e evoluiu para óbito após uma maratona de 12 horas de leitura de obras científicas para a finalização de seu Trabalho de Conclusão de Curso.(...)
Sua monografia deveria ser entregue na próxima segunda-feira (12/03) para o Prof. Helvécio Dias Barroso, que está sendo investigado por homicídio culposo em função das excessivas cobranças em relação a leituras e correções na redação do TCC."  Aqui, pode-se saber mais a respeito.



Muitos blogs divulgaram essa notícia, inclusive este, a partir de outros blogs.  No entanto, algumas pessoas que residem em Francisco Beltrão, PR, estão afirmando que esta notícia é falsa, que o estudante e o professor na verdade não existem, que ninguém morreu de estudar. Bem, talvez não. No entanto, o que escrevi sobre a imbecilidade acadêmica abaixo é independente de alguém morrer ou não devido a exigências absurdas de professores que matam a criatividade. Essa sim, morre diariamente em nossas universidades. Portanto, não retiro uma palavra do que escrevi abaixo.

Absurdos como esses (sejam reais ou não) é o que se pode esperar de professores e universidades que não ajudam a construir seres pensantes e criativos, mas apenas alguns medíocres repetidores de ideias de outros, profissionais mecânicos, robóticos, imbecilizados. Os cursos acadêmicos em geral, em especial mestrado e doutorado, em uma grande parcela, já se tornaram ou estão se tornando destruidores de cérebros e corações. Destruidores de humanidade. Com a desculpa de severidade e exigência para manter-se um alto nível de qualidade, os estudantes não têm o direito de pensar por si próprios. Como dizem, são "podados" em suas ideias e ideais, em sua criatividade e imaginação. 

Já não se pode mais ser original.  A originalidade é um crime em nossos dias. "Deus-o-livre" afirmar algo que já não tenha sido afirmado antes por alguém de autoridade reconhecida. O embasamento teórico deixou de ser um meio para a criação, agora é um fim em si mesmo. Deve-se ler 500 livros em um mês (não há nem tempo para se pensar sobre o livro), saber exatamente o que outros autores pensam e pensar exatamente como eles. "Tu disseste algo? Mas baseado em quê? Em quem? Quem foi que disse isso? A tua ideia simples e pura não pode ser, não pode estar aqui."  

É claro que todo estudante sério deve possuir um conhecimento profundo de sua área. Mas isso não é e nunca será o mais importante. A criação, o novo, o original, seja da área que for, não surge de leituras estéreis e de textos artificiosos, não nasce de uma mente abarrotada de informações e teorias. Eu nunca soube de um autêntico gênio que tivesse saído diretamente das cadeiras das academias. Pelo contrário. Os gênios, ainda que tenham frequentado universidades, sempre foram combatentes do pensamento "bitolado" que impera entre o ranço dos acadêmicos. Se não combatessem, jamais teriam criado. Seriam como todos os outros, meros papagaios que só sabem repetir, sem a mínima personalidade. 

A criação é fruto da vida e da alma. De ambas vividas e sentidas da forma mais intensa e profunda. O resto é conversa fiada. 


13 comentários:

Unknown disse...

Que absurdo! É até difícil de acreditar;

Que merda de Ensino Superior é esse?



UlyaneGomes

Anônimo disse...

Vixe, já vi gente quase enlouquecer por causa de um TCC, agora vir a falecer foi novidade. Mas é bem como você disse, não só no meio acadêmico, mas também no trabalho, em casa, somos 'proibidos' de pensar, de criar e inovar. Ser criativo hoje em dia pode ser até uma ofensa. Escrever um TCC é praticamente, senão literalmente, copiar a obra de vários na tua própria obra, que não é obra, é só cópia.

Quando fiz o meu, percebi justamente isso que você escreveu neste post.

Uma ótima semana.
Ate mais.

Unknown disse...

MUITO BOM!

Meu genro quase perde a família linda que tem por causa de um "Doutorado". é um absurdo. São os títeres atuais, nas mãos de imbecis autoritários.

Beijos

Mirze

Laura Brandão disse...

Eu já vi um rapaz enlouquecer depois que terminou um curso superior.

O caso do Carlos Camacho, não deve ser o primeiro; foi considerado pq os pais notaram algo de diferente no filho.
Professores iguais ao Helvécio Dias Barros temos aos montes nas faculdades. O problema é que os superiores acham "normal" o método de ensino deles.

Unknown disse...

Lamento pelo estudante!

Triste ter que fazer um post sobre,
mais realmente é necessário e foi muito bem escrito Lord.

Coisas novas? Vejo isso pelas grandes redes ... e são coisas praticamente "abomináveis" infelizmente!
Talvez este pensar ou falta dele, esteja começando nas salas de aula mesmo. Já andei pensando sobre isso. espero que as coisas mudem um dia ...

Bom Dia!
Tenha uma Excelente Semana!

Bete Nunes disse...

Nossa, estou chocada... Concordo com tudo o que você disse sobre ideias, sobre não ter tempo nem para pensar no que se leu. De que adianta ler, então? Quando fiz meu TCC, minha orientadora queria exatamente isso, que a gente lesse e pensasse. Ela aceitou ser minha orientadora desde que eu começasse logo no inicio do (último) semestre, justamente para que eu tivesse tempo bastante para ler e desenvolver minhas ideias.

As ideias têm que ter um embasamento, e para contestar a ideia de alguém, tem que conhecer a fundo tal ideia. Mas daí a ter um colapso e morrer de tanto ler, pela pressão, por uma insanidade de um professor, mestre, doutor, pós doutor, sei lá, é um absurdo sem tamanho!

SERRALINDA disse...

GENTE!!! VOCÊS ACREDITARAM NESTA BESTEIRA, É FAKE TOTAL!! NÃO EXISTE ESTE RAPAZ NEM ESTA TAL PROFESSOR!! HELLOOOOOO!!!

Anônimo disse...

Eu discordo um pouco do pessoal aí.

No trabalho de conclusão de curso não há obrigatoriedade de inovação. Você não precisa escrever nada de novo.

Por isso que muitos têm a impressão de que é um apanhado de ideias alheias: o TCC é exatamente isso.

E qual a sua finalidade então? Apenas garantir que a pessoa é capaz de concatenar dados já produzidos, de uma forma coerente, sobre um determinado assunto, seguindo os padrões de um trabalho científico.

O que me assusta mesmo é gente fazendo mestrado e doutorado só pra dar aula. Aí sai uma bosta que não serve pra nada... Mas isso é outro caso.

Bete Nunes disse...

Discordo do Anônimo. Se não é para acrescentar nada novo, porque fazer TCC? Só para explanar as ideias dos outros? Não. A gente precisa de uma bibliografia para consulta, para poder ter embasamento para desenvolver sua tese sem falar bobagens. Pelo menos o meu TCC foi assim, e também todos os que eu assisti, pois fazia questão de assistir as defesas dos meus colegas. Por falar nisso, se não tem nada novo para apresentar, não poderia se chamar "defesa".
Mesmo se a notícia for falsa, valeu pela ideia contida no post. E ainda bem que a notícia é falsa, não é Reiffer? rss...

Lucas Repetto disse...

Infelizmente o governo, as instituições não sonham em criar seres pensantes. Apenas robôs do sistema.

De pleno acordo em tudo que disseste caro Al Reiffer.

Anônimo disse...

Concordo com vc. A originalidade e a criatividade não valem nada para os acadêmicos. Parecem simples reprodutores de artigos, máquinas de artigos e não mais do que máquinas.

Anônimo disse...

De fato, a criatividade e a imaginação se perderam no mundo. Não se pode nem parar para respirar. A liberdade de poder pensar sozinho, caminhar sozinho, descobrir muitas coisas sozinho, errando ou acertando. Mas criando. O que temos? O que vemos? No geral, meras máquinas fazedoras de artigos e nada mais que isso. A alegria, a originalidade, a inteligência, a beleza da descoberta. Ah, a beleza! Onde foi parar a beleza, a contemplação da beleza? Pensam que não é preciso tempo para contemplá-la? Ora bolas! Máquinas trituradoras de carne. Têm a carne e moem-na aos poucos. Cada artigo escrito hoje em dia não passa de carne que se vai moindo aos poucos. Originalidade, hoje em dia, é coisa de gênio. E será que deveria ser?

Anônimo disse...

errata: quis escrever "que se vai moendo aos poucos". Mas o teclado não o quis...