04 fevereiro 2012

Advertência

há que cuidado
com a sede de vida
que o que na sede da alma
tem sede há maior medida
sede cauteloso:
não se pode saciar ambas
pelas cordas bambas
como quem come um pêssego
e solta o caroço
pelo não do poço...

nem tudo é eu posso:
às vezes fica tarde
e noutras – tempestade
e pode (m)olhar  granizo ou seca
sobre o jardim...

nem tudo é simples assim:
é belo colher a tulipa
derramar suas pétalas
e se fitar a verde trilha
como se tudo fosse
magnífica maravilha...

mas a vida não é só soprar
e fazer espuma:

por trás do arbusto
da alegria das flores
se oculta o silêncio
do bote do puma...

6 comentários:

disse...

Obrigada pela visita.
Belíssimos poemas, acabei me "perdendo" entre textos e poemas.

Adorei!.
Vou ficando.
Beijos e um agradável final de semana pra ti.

Emily disse...

"mas a vida não é só soprar
e fazer espuma"

adorei.

Victor Said disse...

Sempre tive predileção pelos seres ocultos e aqueles cuja natureza mereçam cuidado. Mas nunca cheguei a tal ponto de invadir conscientemente o espaço natural desses seres. Cascavéis, escorpiões, onças, aranhas e vaca brava recém parida, cada coisa a seu modo e em seu devido suposto lugar. E isso serve ao ser humano, mas esse, em especial me causa mais admiração. Dentre tantas as mazelas e misérias que são capazes de fazer e proporcionar, eu ainda os admiro. Quem sabe por detrás a moita, o puma da inconsequência sorva de nós o bem mais precioso, assim como Pandora abrindo a caixa. Talvez sempre foi assim, desde o dia em que o primeiro dos primeiros desceu da árvore e arranhou o céu, com seus arranha-céus.

Sua poesia é impulso ao pensamento. Não há como não gostar!

Ira Buscacio disse...

Reiffer, sempre há pantera e bote.
Outro forte poema
Bjão, poeta

Bete Nunes disse...

Invejo quem vê a vida assim, como se fosse magnífica maravilha. Sempre verei as flores, mas não vou me esquecer do puma.

Lindo, Reiffer.

MoiselleMad disse...

"não se pode saciar ambas"...
não mesmo.

excelente poema!