27 janeiro 2012

A cada verso que é inútil...

a cada árvore plantada
há cem derrubadas
ou mais
daquelas
quem nem mais deixam sinais

a cada água que é clara
há cem esgotada
ou fedor
daquelas
que nem se nota o horror

a cada balada composta
há cem baladas na testa
ou paulada
daquelas
que é somente o que resta

a cada animal que é cuidado
há cem massacrados
e é pouco
daqueles
em desespero rouco

a cada beijo que é dado
há cem que são malditos
e mais outros mil
daqueles
que são fingidos...

e tenhos ditos

4 comentários:

Victor Said disse...

Cada poema tem si a propriedade do único. Uns são doces, outros insossos e ainda há aqueles cuja natureza é atingir a alma. Já esse poema traz a mim, apenas leitor, a maravilha dos que não se calam diante das coisas do mundo.

Ira Buscacio disse...

Reiffer, olhar de crueza do homem!
E não há crueza em toda paisagem?
Muito, muito bom! Eu gosto.
Bj

Paullo Lenore disse...

Sorte a minha ter encontrado um blog tão aconchegante, fiquei longos minutos viajando na intensidade desse lindo poema...voltarei sempre, já estou seguindo, se puder (e quiser) me seguir também eu ficaria grato...
www.paullolenore.blogspot.com

Bete Nunes disse...

Eu não tinha visto esse poema. Uma bela composição para falar de algo nada belo. Muito verdadeiro, e trágico.

beijo.