29 abril 2011

Para Onde Vai o Dinheiro do que é Produzido no Brasil?

Essa é uma pergunta que sempre me fiz. E nunca ninguém me respondeu satisfatoriamente. Como pode um país que está entre as 10 maiores economias mundiais ter bolsões de miséria gigantescos?  Má distribuição de renda? Óbvio. Mas por quê? Por que a renda é má distribuída? De que adianta o desenvolvimento se ele não resolve os problemas sociais e ambientais? Obviamente, não é desenvolvimento, pode ser crescimento, assim como é um crescimento a proliferação das células de um câncer.

A melhoria da distribuição de renda dos últimos anos é, na verdade, pífia, apesar do esforço do último governo. E isso é uma questão que governo nenhum resolve sem uma mudança de mentalidade dos indivíduos. Eu, às vezes, fico pensando desconsolado quando leio as notícias de jornais: empresas estatais têm lucro recorde, bancos estatais têm lucro recorde, país bate recordes de produção, país bate recordes de exportação e por aí vai. É tudo muito belo, mas e daí? Eu sou um brasileiro e não vejo benefício nenhum com todos esses recordes de produção. Pelo menos para mim, para minha família, para os que conheço, não. Servem para quê? Para quem?  Para ocorrer uma verdadeira distribuição de renda, não só no Brasil, mas em muitos outros países, deveria haver uma reforma moral, ética, mental, psíquica, enfim, não uma reforma de governo, mas do próprio ser humano. Coisa que, em meu pessimismo, duvido muito.

O texto abaixo não é uma resposta à minha pergunta, mas tem bastante relação com o que acabo de afirmar. Foi escrito por Caco Coelho, em sua coluna do último sábado no jornal "Correio do Povo". Não é o texto integral, mas apenas o trecho que julgo mais pertinente.

"O Brasil, desde sempre, adequou a divisão de suas riquezas ao privilégio de poucos. (...) A maior parte dos investimentos públicos, subserviente a esses princípios seletivos, sempre foi feita para aqueles que possuem mais. O princípio público nunca foi respeitado. No lugar de promover a coletividade, a maioria da população permanece tendo que dedicar o seu esforço para locupletar os mais abastados. Assim é o investimento em educação, onde a maior parte é destinada ao ensino superior. A este privilégio têm acesso aqueles que tiveram a oportunidade de estudar em escolas particulares, de frequentar cursinhos eletistas. (...)

Agora mesmo, foi divulgada a safra recorde de grãos de nosso Estado: 24 milhões de toneladas foram produzidas. O Rio Grande do Sul possui uma população de pouco mais de 10 milhões de pessoas, sendo que 3 milhões estão na linha da miséria absoluta, ou seja, não sabem o que vão comer na próxima refeição. Toda essa produção injetará na economia gaúcha mais de 13 bilhões de reais, o mesmo que o lucro liquido de um banco. Ou seja, o que representa a oportunidade de colocar por ano na mesa de cada cidadão o correspondente a quase duas toneladas e meia de grãos, é o mesmo que um grupo pode lucrar explorando o capital."

Quantas toneladas de grãos tiveram em sua mesa aqueles cadavéricos humanos da foto acima?

6 comentários:

Camila Monteiro disse...

Olá querido! Tema interessante.
O que devemos fazer? Será que alguém tem uma resposta satisfatória tb?!
O que é vc e eu gritando com mais meia duzia de pessoas perto do resto do Brazil que nao se importa???
Não adianta gritar, eu ja saquei isso, ninguem quer saber o que ta certo ou errado, fico louca de ver como as pessoas votam sem pensar, sem estudar, sem responsabilidade e nossos dirigentes estão ai pra provar isso! Quem votou no Tiririca por exemplo só ta assinando embaixo dessa palhaçada que vc acabou de escrever aqui!
É revoltante que somente umap equena parte da população entenda e sinta realmente o teu post! Ele deveria ser divulgado no JN da Rede globo ao meu ver, mas acredite nem asim alguém levantaria do sofá pra fazer algo porque depois vai passar a novela!
Não é revoltante demais isso?!
Sinto pelo Brasil ser um país tao lindo e rico!

Ufa deixa eu parar senao vira post aqui tb! Adorei teu tema hoje! beijao e excelente final de semana!

Odete Ferreira disse...

Apreciei a sua forma de estar na vida, seja questionando factos da vida quotidiana, seja poetando...
Abraço :)

Bete Nunes disse...

Reiffer,

Eles gritarão "SIM!" para a troca de um voto por um prato de comida.

Enquanto houver política assistencialista, haverá tudo isso. É muito mais fácil e prático dar o peixe do que ensinar a pescar. Com esse princípio, garante-se a dependência, e consequentemente, o poder. Um povo instruído e digno, não se rende, portanto, não interessa a ninguém.

Davi Machado disse...

Sei não. Isso que temos hoje já é algo como um mal hereditário, já há muito que este país foi preparado pra isso. um jeito para o problema? Quando uma fruta apodrece é melhor usá-la como adubo.
Um país podre, como resolver? grande mistério.

Mario Arthur Favretto disse...

Sua comparação entre o crescimento econômico e o câncer demonstrou claramente a atual situação de nosso país.

As pessoas afirmam serem possuidoras dos "belos" princípios cristãos e de grande humildade, mas na hora de colocarem suas mãos na lama para ajudar os que morrem, preferem ficar enfiados em suas confortáveis casas, andando em carros de luxo rumo às igrejas apenas juntando as mãos e repetindo mantras desconexos, assim livram-se das responsabilidades e jogam o futuro dos menos afortunados nas mãos de deidades inexistentes.

O que todos querem é riqueza, conforto e estabilidade, a morte é certa para todos e assim desejam acumular o máximo de riquezas possíveis.

Se nossa sociedade entrar em colapso eu torço para que tenhamos capacidade de aprender com os erros do passado e assim não venhamos a repetí-los, como tem acontecido ano após ano, século após século.

Anônimo disse...

um coisa que vocês devem entender é que os ricos buscam educação e treinamento para gerar riqueza... enquanto o povo pensa em ser empregado...