07 março 2011

Villa-Lobos: Música Autêntica Autenticamente Brasileira

Muito, mas muuuito melhor que carnaval é Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Porém, a maioria dos brasileiros não conhece suas músicas. No máximo, ouviu alguma melodia perdida, sem saber e sem querer, em alguma propaganda ou programa de TV. A mídia apoia o carnaval, porque o carnaval é, quase sempre, algo medíocre, e o que é medíocre é adorado pelo povo e dá retorno financeiro. Villa-Lobos é esquecido, porque é um gênio. Assim é o Brasil. Não direi que o carnaval deve ser esquecido pelo brasileiros, isso nem seria possível, obviamente. Porém, Villa-Lobos mereceria ser bem mais lembrado.  

Anteontem, dia 5/03, completaram-se 124 anos de nosso maior compositor. Quem é que sabia? Há pessoas que pensam que música erudita nada tem a ver com Brasil, que é algo da cultura europeia, essas bobagens de ignorantes. É claro que a música erudita tem sua origem e seu desenvolvimento na Europa. Mas e o carnaval tem origem onde? No Brasil é que não é. Pois Villa-Lobos compunha música erudita genuinamente brasileira, incorporando coerentemente aos padrões europeus (muito bem assimilados e perfeitamente dominados por ele, diga-se de passagem) a música do nosso folclore nacional, dos ritmos e canções populares, da música indígena, a imitação do canto de nossos pássaros, a expressão de nossa colossal natureza, criando uma obra nacionalista e universal ao mesmo tempo. Basta ouvir algumas de suas obras mais conhecidos para verificarmos esse fato, como O Trenzinho do Caipira, as Bachianas Brasileiras, os Choros, as Serestas, as Modinhas e Canções, a Floresta do Amazonas, enfim, há muita coisa, a obra de Villa-Lobos é imensa. E pelo próprio título de muitas de suas composições já identificamos seu caráter nacional.

Compôs inúmeras obras para violão, impregnadas do verdadeiro espírito do interior brasileiro, música de verdade nascida na alma, não era para fazer sucesso imediato com qualquer lixo, como essas ridículas duplinhas sertanejas que abundam por aí como erva-daninha, ou como esses rançosos e insuportáveis grupos de samba/pagode que fazem sucesso num ano, enchem os bolsos,  e no outro desaparecem no nada. Grupinhos que são uma vergonha e uma ofensa ao verdadeiro samba de raiz. 

A obra de Villa-Lobos é verdadeiramente brasileira e foi reconhecida em toda a Europa como música de altíssimo nível. Enquanto aqui no Brasil era duramente criticado, na Europa era reconhecido como um gênio da música erudita moderna. Já disseram que se Villa-Lobos fosse europeu, seria tão importante como o foi o russo Stravinsky, um dos maiores nomes da música do século XX. Querem conhecer cultura brasileira de alto nível? Vão lá, escutem Villa-Lobos, sua vasta obra para piano, seus quartetos para cordas, seus concertos, seus trios, suas sinfonias, suas canções... E aproveitem e escutem também outros compositores brasileiros como Francisco Mignone e o gaúcho Radamés Gnattalli. Se ficam uma semana de carnaval, que que custa dedicar uma horinha a esses gênios da música brasileira?

10 comentários:

CARLA STOPA disse...

Ai, como concordo...

Anônimo disse...

Menino, tô contigo!

De todas essas que citou (e de tantas outras obras-primas desse grande compositor brasileiro) a que mais amo de paixão é o Trenzinho do Caipira. Eu simplesmente vou às lágrimas! Não tem jeito!

Gênio! É a palavra mais acertada para definir esse mestre.

Grande homenagem essa. A minha admiração por vc, moço poeta, só aumentou agora! :)

Beijos

Alberto Ritter Tusi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alberto Ritter Tusi disse...

Ótima lembrança, Alessandro. Mas vale lembrar que o próprio Villa era um carnavalesco nato, inclusive, uma das obras mais importantes e inovadoras dele, o Chôro nº 10, "Rasga o coração", para coro e grande orquestra, é uma mistura de cantos onomatopéicos (lembrando as matas) contrapondo a idéia de um poderoso samba-enrredo emocionante.

O cara é um absurdo mesmo, olha as gravações que eu postei no blog dele falando sobre o Brasil e a vida. Demais!!!

Al Reiffer disse...

É verdade, era um carnavalesco, mas oha tempo em que ele viveu... rsrs Não tinha as merdas que tem hoje, que tornam o carnaval insuportável. Valeu, Alberto, abraço!

Davi Machado disse...

È vero.

Sua indignação é a de poucos, a massa assim caminha para o banal, um tempo de falsa alegria, ou porque não dizer um vício, como muitos que o povo brasileiro tem. Qualquer coisa vale bem mais que o valor de algo real, ou tudo que ameace ao menos um minuto de pensamento, é mais fácil e prazeroso fechar os olhos e não pensar.

Há quem diga que este povo é irremediável e naturalmente burro, mas prefiro acreditar que o povo gosta de ser burro, escolhe e prefere ser assim, o que embrulha o estômago, por ser pior.

ótimo post!

Gisa disse...

Um compositor com "C" maiúsculo. Aplausos para a lembrança
Um grande bj querido amigo

Unknown disse...

Olá Reiffer!

Concordo plenamente. Não gosto de Carnaval. É o momento que tenho para apreciar a boa música. Villa-Lobos, sempre será um dos maiores mestres e maestros brasileiros. A rádio MEC tinha uma noite apenas para expor sua obra. Amo AS BACHIANAS e tudo que vem desse grande compositor.

Parabéns, pela chamada!

Beijos

Mirze

Zélia Guardiano disse...

Plenamente de acordo, meu querido Reiffer!
Plenamente.
Humpf! O carnaval de hoje...
Abraço, amigo.

angela disse...

Tem toda razão!
beijo