01 fevereiro 2011

Miséria

como música que é sem ter que ser
assim me espero no que nada sou
vejo os campos tão amplos dos profundos
lagos meus que nunca foram benditos
porque ao âmago sempre inútil seco
aqueles verdes vagos passam e levam-me
raio de dita tornado tornado
olho amigo para o céu que oceana
todos os sorrisos são como pássaros
fêmina passagem em culpa inevita
tudo é triste abaixo dO que não é
e em quatorze versos não disse nada
não disse porque estou rouco e mais louco
e tudo é tão feio tão vão tão pouco...

6 comentários:

Milton Ribeiro disse...

Puta que o pariu! Ótimo (ou, na verdade, terrível). Me pegou na veia.

Metáfora do Tempo disse...

Trágico, realmente tocante! Parabéns!

Aмbзr Ѽ disse...

perfeição em cada palavra.

http://terza-rima.blogspot.com/

Luiza Maciel Nogueira disse...

"tudo é tão feio, tão vão, tão pouco"

e não é por vezes parece :)

beijo

Anônimo disse...

Vc tem muito aí para dizer, e diz, e nos toca. Que bom isso!

Beijo.

Neuzza Pinheiro disse...

Baudelaire gostaria desse "dizer nada" tão rouco.

Seu último verso é um esconjuro,
uma maldição.
abraços!