13 agosto 2010

Amen

“a Alma está morta.
fomos nós que a matamos.”
por isso o mundo vai de vento em popa:
vento de tempestade
em popa que ao mar se parte...

agora
viver é naufragar
cair como pedra vaga no vazio da água
baldes de ossos atirados nos poços
gelos de sangues abismados nos tanques
lágrima-riso cimentada em granizo...

não chora, humanidade, não chora
quem está morto não chora...
há que ser dura como a terra seca
na hora em que fores embora:
assim seja
de nada vale
a miséria da minha tristeza...

que nada mais em nós vibre
há que ser frio
como a fervente saliva do lobo
e como o fogo
do olho do tigre...

14 comentários:

Michelle C. Buss disse...

Magnífico! Como sempre...

Unknown disse...

tocou o meu luto, incrível..

Cristiano Contreiras disse...

Parabéns pela intensidade das palavras!

te sigo aqui!

Anônimo disse...

Incrível, adoro seus poemas!

Beijo, bom fim de semana.

Sandra Gonçalves disse...

Incrivel...
Bjos achocolatados

Unknown disse...

Reiffer!

"Quem está morto não chora"

Matamos a Alma, a terra, somos pedras mesmo!

Intenso e verdadeiro!

Bravíssimo!

Abraços

Mirze

Lua Nova disse...

Se agíssemos como o lobo ou o tigre, ou como outro animal qualquer, hoje não teríamos tanto a lamentar.
Uma poesia sombria e bela, seguindo seu estilo singular.
Um fds do jeitinho que vc espera que seja.
Beijos.

FROILAM DE OLIVEIRA disse...

Corvos no Campo de Trigo, especialmente o detalhe que ilustra o cabeçalho do teu blog, talvez seja um dos momentos mais expressivos da pintura de todos os tempos. A mais pura poesia que oscila entre a luz e a escuridão.

Richard Mathenhauer disse...

"Não chora quem está morto, não chora"

Assim caminha a humanidade ao precipício do sem fim...

Davi Machado disse...

"cair como pedra vaga no vazio da água"

gostei muito deste verso!
talvez eu roube pra mim, rsrsrs brincadeira!

escrevendo bem como sempre!

abraços

Aмbзr Ѽ disse...

o final de seu poema é de uma rara beleza.

só o final, obviamente não, mas o quadro todo.

inspirador!

http://terza-rima.blogspot.com/

Marcantonio disse...

A segunda estrofe é a visão de um presente dantesco do ponto de vista espiritual.
E o poema, um réquiem para a alma coletiva do mundo. Confutatis. Pessimista em imagens intensas.

Abraço.

Anônimo disse...

Quando a alma está morta...
só existe a...
inexistência de sonhos...
de dor...de alegria...

beijos
Leca

Otávio M. Silva disse...

oi, sou amigo do mensageiro obscuro,
vi que ele ofereceu a vc o selo do Prêmio Dardos e resolvi ver seu blog, adorei seu estilo.

Aparace lá no meu
http://otaviomsilva.blogspot.com/

Forte Abraço.