07 janeiro 2010

"Eis o mal dos senhores, os políticos. Nem mesmo chegam a pensar em coisas importantes."


Acompanhando o intenso blog do Ruy Gessinger, li: "A Conta Está Chegando". Refere-se aos desastres ambientais que vêm assolando o RS, sendo o último a queda da ponte de Agudo pela devastadora enchente. Diz Gessinger:


"Mas a conta dos anos 70, do milagre soja-trigo, do desmatamento; a fatura do crescimento demográfico incontrolado ; a destruição de matas nativas e florestas ciliares não podia ficar impune. A Natureza se sente ameaçada, ela é um ser vivo, ela raciocina em termos de milênios, mas decidiu não ter mais paciência com esse serzinho ignóbil, com” suicidal tendences”. "

Faço minhas as suas trágicas palavras. A conta está chegando. E será alta, muito alta, altíssima! Mas não adianta avisar. Adianta? A destruição impiedosa e imbecil da natureza prosseguirá a passos de gigante. E virá a conta, em parcelas cada vez mais caras. E tanto não adianta avisar, que em 1928, eu disse em 1928!, quando ainda não havia preocupações ambientais reais por parte da humanidade, em seu livro "Contraponto", o genial escritor inglês Aldous Huxley advertiu sobre a desgraça que o "progresso" traria ao planeta. A seguir, um trecho da obra:

"Com essa agricultura intensiva, os senhores estão roubando ao solo o seu fósforo. Ele vai desaparecendo completamente de circulação. Depois, basta ver como os senhores deitam fora centenas de milhares de toneladas de anidrido fosfórico nesses esgotos! Derramando-o dentro do mar. E a isso os senhores chamam progresso. (...)

Eis o mal dos senhores, os políticos. Nem mesmo chegam a pensar em coisas importantes. Vivem a falar do progresso e deixam que todos os anos milhões de toneladas de anidrido fosfórico corram para o mar. É idiota, é criminoso, é... é o mesmo que tanger a lira enquanto Roma arde. Mais duzentos anos apenas e os depósitos se extinguirão. Os senhores julgam que estamos em progresso porque vivemos do nosso capital. Fosfato, carvão, petróleo, salitre, esbanje-se tudo! Eis a política dos senhores. (...)

O único resultado desse progresso dos senhores será que dentro de algumas gerações há de vir uma revolução verdadeira - uma revolução natural, cósmica. Os senhores estão transtornando o equilíbrio. Ao cabo, a natureza o há de restabelecer. E o processo será muito desagradável para os senhores. A queda será tão rápida como o foi a ascensão."

E essas palavras proféticas de Huxley já estão se cumprindo.

Para finalizar, republico um de meus poemas, escrito em outubro de 2009:

Enxurrada

olho para a humanidade
e rio
rio que me leva
leve
em suas correntezas
sem correntes

por que devo combater
o que não deve ser combatido?
o que não deve ser combatido
não deve ser combatido
por que já está vencido
o simplesmente é deixar assim
que tudo nasce
e corre ao Fim

não digo
que não irei com a enxurrada
digo que choveu forte vasto e além
e que a enxurrada vem...

3 comentários:

Anônimo disse...

Lembrei de uma aula de jornalismo ambiental que tive essa semana. Tivemos uma discussão sobre esse conceito de "progresso" e as consequências que estamos recebendo em troca.

Também faço das palavras dele, o Ruy, e das suas, as minhas.

Vampira Dea disse...

Tens toda razão.

LIFE Graciela Bacigalupe disse...

Desde las entrañas la madre tierra llora la ingratitud de sus hijos,se siente desgarrada, los ama como madre y generosamente les brinda todo...y en ocasiones se manifiesta tratando de despertar al hombre...más este no la oye...Están ocupados en sus reuniones...jugando con los pueblos y países como si fueran figuras de cartón...Desde sus escritorios terminan de deshumanizarse...las personas pasan a ser solo úmeros e ss estadísticas... triste...
Gracias a Dios hay quienes levantan el filo de la palabra y se hacen eco del grito de piedad...aunque se les grite a los peores sordos, los que se niegan a oir.
Bellisimo blog donde se manifiesta la naturaleza divina del hombre que escribe.Námaste.