28 março 2009

Meus Pêsames

ser o filho último
da Tragédia e do Crepúsculo
no leito de fins do cosmos
e ver as pombas me golfando sangue
por um surdo céu de gritos longes
lá no extremo de uma dança insana
onde meus olhos te serpeiam em sol
e caem velhos em teu poço frio
e ver-se em vinho afogar-se estrelas
e não tocar aquela luz que sinto
numa tormenta que me cega o cheiro
quando o amor me caiu nas costas
e derrubou-me pela lama rubra
e não voltar meu rosto a quem me derruba
ver voarem águias na montanha em chamas
e na noite lenta que me corre os sonhos
olhar a um anjo que me dá adeus
sem jamais tocar naquela mão que acena
e ver a verdade sorrir...

mas louco
sem poder vivê-la
me fecho os olhos...
dormir

4 comentários:

Micheli Pissollatto disse...

Senti uma paz ao ler. Considero este texto triste e encantador, de alguma forma. Gostei..

Ana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana disse...

Eu estava lendo tuas postagens antigas e percebi que há mais comentários em posts teus 'polêmicos' do que nos realmente interessantes, com poesia, sentimento, como este. Ah, isso não faz diferença!
Mas enfim, lindo e triste, como todos deveriam ser. Parabéns, mais uma vez.

Abraço

Abnoba disse...

Cada palavra se sente, isto é arte! A expressão do que realmente se sente.