25 fevereiro 2009

Silêncio

cruzou-me uma estrela nos olhos
e me virou a cara
como se fosse um arcanjo
ali não-vindo de nunca
como se fosse bafo de flores
me desviando das narinas...

cruzou-me uma estrela nos lábios
e não me disse palavra
como se fosse uma ave
que me deixou uma pena a voar
como se fosse águas de um rio
pelos invernos só a viver...

cruzou-me uma estrela
passou-me um arcanjo
me vieram umas flores
voou-me uma ave
correu-me umas águas
e me viraram a cara
não me disseram nada
partiram quietos e mudos
e deixaram-me só
no silêncio sentença do verso

2 comentários:

Micheli Pissollatto disse...

Intenso, profundo! Muito bom.

Rúbida Rosa disse...

Ontem um poema teu foi recitado para dar boas vindas aos alunos do Curso de Letras...
Parabéns pelo blog, está cada vez melhor.